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    A marca de Ngozi Okonjo-Iweala

    Em três meses, a primeira mulher e a primeira directora africana da Organização Mundial do Comércio conseguiu fazer a instituição recuperar a credibilidade.

    Quase 200 pedidos de entrevista, incluindo o nosso, aguardam resposta. Ngozi Okonjo-Iweala é, segundo um dos familiares, a figura internacional mais seguida pela Imprensa mundial.

    Nunca abandonando o penteado e as multicoloridas roupas tradicionais, recebe ainda mais pedidos de entrevistas, uma vez que cumpriu os primeiros 100 dias à frente da Organização Mundial do Comércio (OMC), com sede em Genebra.

    A ex-ministra das Finanças e dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, e posteriormente diretora-executiva do Banco Mundial, Ngozi Okonjo-Iweala, apesar da maioria dos votos a seu favor, não tinha obtido a aprovação do ex-Presidente norte-americano Donald Trump.

    Só em fevereiro começou a ser apoiada pela nova administração Biden. Tomou posse a 1 de março, pondo termo a um hiato na OMC que durava há seis meses. O seu antecessor, o brasileiro Roberto Azevêdo, tinha saído no final de agosto de 2020.

    Missão impossível?

    A nomeação da nigeriana foi inédita: tornou-se a primeira mulher e a primeira personalidade africana a liderar a organização. “A nova diretora da OMC não iniciou o seu mandato nas melhores condições”, refere Yi Huang, professor de Economia no Instituto de Pós-Graduação em Genebra.

    “Chegou numa altura em que a economia, o comércio e o emprego estavam em declínio. E ainda havia a pandemia.” Segundo Huang, ela embarcou numa missão impossível. Impossível, mesmo? Ngozi Okonjo-Iweala ganhou fama de não recuar perante as adversidades.

    Quando assumiu o comando da instituição, disse que a OMC iria enfrentar muitos desafios difíceis, mas não impossíveis. Para o professor Yi Huang, a nova diretora da OMC impediu que a instituição se afundasse. “A instituição recuperou o dinamismo, e os Estados estão cientes disso.

    Embora subsistam muitos desafios, incluindo as tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos da América, o multilateralismo está em boas mãos.” Simon Evenett, especialista em comércio internacional na Universidade de St. Gallen, concorda: “Ngozi Okonjo-Iweala é uma lufada de fresco na OMC.” Comprometeu-se desde a primeira hora a aventurar-se por mares nunca dantes navegados.

    O seu empenho em encontrar soluções para … A líder da OMC viu a crise da pandemia como uma oportunidade para dar um novo impulso à organização e restaurar a sua credibilidade as crises na área da saúde mostra que está disposta a correr riscos. “O seu estilo”, diz Evenett, “seduz muitos países, à excepção dos que recusam a mudança”.

    “A Índia, a África do Sul e a Argentina gostariam de reduzir a OMC a uma espécie de Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)”, lamenta a mesma fonte. Desafio das vacinas Uma diplomata africana é crítica no que respeita às vacinas da Covid-19.

    “Ngozi Okonjo-Iweala mudou de ideias quanto à derrogação temporária das regras de protecção das patentes”, acusa. “Passou a ter uma causa comum com a indústria farmacêutica, que não quer abdicar das patentes.”

    De facto, a nova presidente da OMC acaba de dizer que a derrogação das regras de proteção da propriedade intelectual não garante por si só uma resposta à escassez de vacinas.

    Esta declaração foi mal recebida, nomeadamente em África, onde menos de 1% da população foi vacinada. Para o professor Evenett, “o problema das vacinas será resolvido na OMC, mas não como alguns países gostariam. A organização poderá ajudar a eliminar barreiras comerciais para facilitar o comércio de vacinas e respetivas matérias-primas.”

    Nesse sentido, Ngozi Okonjo-Iweala lançou na terça-feira [1 de junho] uma iniciativa em consonância com várias organizações internacionais para facilitar o acesso às vacinas. -chefe suíço [junto da União Europeia] e professor na Universidade Internacional de Genebra, acompanha de perto as atividades da OMC.

    “Além da questão das vacinas, a nova diretora está a preparar a próxima reunião ministerial, a realizar no final de novembro, em Genebra”, sublinha. “Claro que o resultado desta reunião depende dos participantes e de mais ninguém.” Mas, segundo a mesma fonte, a nova diretora demonstrou ser capaz de criar um clima de confiança.

    “A sua forma de gerir as negociações sobre vacinas é exemplar e auspiciosa.” “Estou impressionado com a forma como se está a afastar do rumo que o seu antecessor tinha imprimido à OMC”, acrescentou Richard Baldwin, professor do Instituto de Pós-Graduação e especialista em comércio e globalização.

    “Viu a crise da pandemia como uma oportunidade para dar um novo impulso à organização e restaurar a sua credibilidade.” Segundo esta fonte, a nova diretora deixou claro que a OMC serve para bastante mais do que negociar taxas e direitos, devendo ajudar a enfrentar os novos desafios globais. Christian Pauletto, antigo negociador

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