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    Suécia autoriza manifestação para queima da Bíblia e da Torá

    Segundo organizadores, protesto seria resposta à queima do Alcorão islâmico em junho. Na data e hora marcadas, homem que planejava o ato não queimou as escrituras e disse que queria chamar atenção para a intolerância.

    Após a queima pública de um Alcorão na Suécia há duas semanas, a polícia de Estocolmo autorizou uma manifestação na qual seriam queimadas cópias da Torá, o livro sagrado dos judeus, e da Bíblia, o livro sagrado dos cristãos.

    A porta-voz da polícia sueca, Carina Skagerlind, disse em entrevista à agência de notícias AFP que a autorização não se refereria a um pedido oficial para queimar publicamente a Torá e a Bíblia, mas a uma reunião na qual uma “opinião” seria expressa.

    “Isso é uma diferença importante”, ressaltou Skagerlind.

    A polícia de Estocolmo argumentou que só pode se recusar a aprovar uma reunião pública se ela causar grandes transtornos ou for um risco para a segurança pública.

    No entanto, no registro da manifestação, os organizadores anunciaram que exemplares da Torá e da Bíblia seriam queimados. Segundo o requerente, a ação seria uma reação à queima do Alcorão islâmico no final de junho, que também ocorreu com aprovação oficial da polícia, sob o argumento de “liberdade de expressão”.

    Para os organizadores da nova manifestação, o objetivo era “expor a hipocrisia sueca”.

    Neste sábado (15/07), data marcada para o ato em frente à embaixada de Israel, o homem que planejava o protesto disse que não queimaria as escrituras religiosas, informou a mídia sueca.

    Ele jogou um isqueiro no chão e afirmou que, apesar de ter recebido a permissão da polícia, nunca teve a intenção de queimar os livros sagrados.

    “Nunca pensei que fosse queimar nenhum livro” , disse o homem aos reunidos no local.

    Ahmad A., de 32 anos, é muçulmano e afirmou que o verdadeiro motivo do protesto era chamar a atenção para a diferença entre liberdade de expressão e ofensa a outros grupos étnicos.

    “Esta é uma resposta às pessoas que queimam o Alcorão. Quero mostrar que a liberdade de expressão tem limites”, explicou o sueco de origem síria.

    “Quero mostrar que temos que nos respeitar, vivemos na mesma sociedade. Se eu queimar a Torá, outro a Bíblia, outro o Alcorão, haverá uma guerra. O que eu queria mostrar é que não é certo fazer isso”, acrescentou.

    Críticas de Israel

    A aprovação concedida foi alvo de fortes críticas em Israel e entre as organizações judaicas.

    “Como presidente do Estado de Israel, condenei a queima do Alcorão, sagrado para os muçulmanos em todo o mundo, e parte meu coração agora que o mesmo destino aguarde uma Torá, o livro eterno do povo judeu”, disse o presidente israelense, Izchak Herzog.

    Ele condenou “a permissão para queimar livros sagrados nos termos mais fortes”.

    Segundo ele, permitir a desfiguração de textos sagrados não é um exercício de liberdade de expressão, mas uma incitação óbvia e um ato de puro ódio. O mundo inteiro deve se unir e condenar claramente esse “ato hediondo”, disse Herzog.

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, escreveu no Twitter:

    “O Estado de Israel leva muito a sério esta decisão vergonhosa, que prejudica o santíssimo do povo judeu”.

    O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, pediu às autoridades suecas que evitassem a queima.

    Queima do Alcorão

    No final de junho, no primeiro dia da Festa Islâmica do Sacrifício, o iraquiano Salwan Momika, de 37 anos, pisou várias vezes em uma cópia do Alcorão em frente à principal mesquita de Estocolmo, enquanto agitava a bandeira sueca. Ele colocou tiras de bacon, alimento consideram impuro pelos muçulmanos, no livro e queimou algumas páginas. O ato desencadeou violentos protestos no mundo muçulmano.

    A polícia justificou a aprovação do protesto de Momika como “liberdade de expressão”. No entanto, mais tarde, abriu uma investigação sobre “incitação contra um grupo étnico”, uma vez que Momika realizou o ato perto de uma mesquita.

    Iraque, Emirados Árabes Unidos e Marrocos convocaram os embaixadores suecos para explicações.

    le (ARD, AFP)

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    FonteDW

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