Quinta-feira, Maio 16, 2024
14.4 C
Lisboa
More

    Corrupção na América Latina é obstáculo para investimentos, alertam analistas

    Com a popularidade em baixa, Dilma luta para mudar o rumo da economia brasileira (Foto de EVARISTO SA/AFP)
    Com a popularidade em baixa, Dilma luta para mudar o rumo da economia brasileira (Foto de EVARISTO SA/AFP)

    A corrupção na América Latina, que atingiu as mais altas esferas políticas no Brasil e Chile, deve ser erradicada pela raiz, sob a pena de afugentar os investidores interessados na região, que precisa de uma injeção de capital para voltar a dinamizar seu crescimento, estimam analistas.

    “As instituições estão perdendo o brilho, a qualidade que deveriam ter”, alertou o presidente do comitê executivo da firma internacional de advocacia Baker & McKenzie nos Estados Unidos, Eduardo Leite, no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, celebrado esta semana no caribe mexicano.

    “As boas políticas dependem de líderes corretos. Trata-se de liderança e talento, e não de instituições. Trata-se de ética e da forma como governamos nós mesmos”, assinalou.

    A popularidade da presidente chilena, Michelle Bachelet, caiu a um mínimo histórico devido a um negócio imobiliário milionário ligado a seu filho mais velho, Sebastián Dávalos, acusado de uso de informação privilegiada e tráfico de influência.

    A isto se somam financiamentos ilegais de campanhas políticas que envolvem dois dos mais importantes grupos econômicos do país: Penta e Soquimich.

    Após rumores de renúncia, a presidente do Chile – considerado um dos países menos corruptos da América Latina – apresentou um pacote de medidas anticorrupção para driblar a crise, incluindo uma renovação de seu gabinete.

    No Brasil, a Petrobras enfrenta uma crise após a revelação de um esquema de corrupção que, por uma década, envolveu políticos, diretores e empresários do mais alto escalão no desvio de dinheiro público. A máquina de corrupção, que envolve o partido da presidente Dilma Rousseff, PT, chegou a movimentar 4 bilhões de dólares, segundo a polícia.

    – ‘Estado de Direito crucial’ –

    Com a popularidade em baixa, Dilma luta para mudar o rumo da economia brasileira, a maior da América Latina, que cresceu apenas 0,1% em 2014 e completou o quarto ano consecutivo com uma expansão magra.

    Desta forma, propôs um plano de ajuste ao Congresso e planeja uma estratégia agressiva para expandir o comércio exterior e atrair investimentos, principalmente em infraestrutura.

    “Enquanto a legislação não se modernizar, regular e entrar em vigor, haverá uma certa instabilidade no progresso da região”, afirmou Leite.

    Para os investidores, “o marco legal, a estabilidade, a previsibilidade e o planejamento a longo prazo são cruciais”, concordou o presidente da espanhola Iberdrola, José Ignacio Sánchez Galán.

    O empresário calcula que, nos próximos 25 anos, a demanda de energia elétrica na América Latina irá quadruplicar, o que requer uma injeção no sistema de “montantes enormes”.

    – Um problema cultural –

    “A corrupção é uma questão de ordem, muitas vezes, cultural. É um flagelo de nossas sociedades, principalmente a latino-americana, e será necessário muito tempo para erradicá-lo”, comentou o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, anfitrião da versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial, celebrado anualmente em Davos.

    Peña Nieto, cujo governo também enfrenta escândalos de corrupção e o conluio de autoridades com o crime organizado, reconheceu ter sido criticado por este comentário.

    A especialista Gemma Aiolfi, do Instituto de Governabilidade da Basileia, assinalou que a corrupção não é um fenômeno exclusivo da América Latina, e que os governos não devem “se esconder em desculpas para solucioná-lo”.

    No fim do ano passado, o governo mexicano teve que voltar atrás na concessão a um consórcio chinês de uma obra ferroviária conquistada através de uma licitação polêmica.

    Há pouco tempo, divulgou-se que a primeira-dama do México, Angélica Rivera, adquiriu, meses antes da vitória eleitoral de Peña Nieto, uma mansão de 4 milhões de dólares de um importante contratante governamental.

    A isto se soma o desaparecimento trágico e o suposto massacre de 43 estudantes nas mãos de policiais ligados a narcotraficantes, o que gerou protestos em massa no país e fortes questionamentos entre a comunidade internacional.

    “A corrupção é um problema social, econômico e daninho”, que afeta tanto o setor privado quanto o público, impedindo que se instale a confiança necessária para gerar investimentos e desenvolvimento”, resumiu Gemma Aiolfi. (afp.com)

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Excesso de capacidade na indústria siderúrgica da China se espalha para os mercados de exportação

    Uma investigação do Ministério do Comércio da Tailândia poderá ampliar as medidas anti-dumping contra bobinas de aço laminadas a...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema