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    1º de Maio: milhares e milhares saem à rua em vários países do mundo

    No contexto da crise na Europa e no mundo, milhares de pessoas aproveitaram o Dia do Trabalhador para sair à rua e exigir soluções aos governos dos seus países. Saiba o que está a acontecer na Grécia, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, Turquia, Macau (e várias cidades de países asiáticos) e Moçambique.

    Milhares de pessoas participaram hoje nas manifestações do 1.º de Maio em Atenas e noutras cidades gregas, a cinco dias das eleições legislativas no país, cujo resultado permanece incerto.

    Segundo a polícia, mais de 8.000 pessoas participaram no protesto da Frente de Luta dos Trabalhadores (Pame), próxima do partido comunista, em Aspropyrgos, a 35 quilómetros de Atenas, onde se situa a fábrica de siderurgia do grupo Hellenic Halyvourgia, cujos trabalhadores estão em greve há vários meses contra os cortes salariais.

    As centrais sindicais dos setores público e privado apelaram a concentrações em Atenas e em Salónica, segunda maior cidade grega, no norte do país.
    Segundo a polícia, mais de 1.500 pessoas responderam ao apelo dos sindicatos em Atenas e cerca de 2.000 juntaram-se a outra concentração na capital, organizada por grupos de esquerda.

    “Ninguém sozinho, todos juntos lá chegaremos”, podia ler-se na principal faixa, por detrás da tribuna instalada na praça Kotzia, no centro de Atenas, enquanto outros cartazes diziam: “Abaixo a justiça dos mercados” ou “Castiguem os partidos do rigor”.

    As manifestações do 1.º de Maio ocorrem a cinco dias das legislativas de domingo, cujo resultado permanece incerto devido à diminuição da popularidade dos dois principais partidos, a Nova Democracia (direita), que surge como favorita, e os socialistas do Pasok, prejudicados pela política de rigor imposta pelos credores do país.


    Reino Unido: “ocupas” distribuem cravos e rosas

    O movimento “Ocupar Londres” distribuiu hoje cravos e rosas aos utentes do metro londrino em solidariedade com os trabalhadores, apesar de o 1º de Maio não ser feriado no Reino Unido.

    A iniciativa, que foi preparada em segredo, levou simpatizantes do movimento a distribuir “milhares de rosas e cravos na entrada principal da estação de Liverpool Street”, junto ao centro financeiro da capital britânica.

    O grupo que instalou um acampamento durante 136 dias junto à Catedral de São Paulo pretende voltar hoje ao local, antes de se juntar a uma marcha de sindicatos pelas ruas de Londres, adiantou em comunicado.

    Para o dia 12 de maio o movimento já prometeu juntar-se a uma ação global de celebração do nascimento do movimento dos “indignados” e contestar junto dos grandes grupos financeiros.

    França: Sarkozy aproveita para procurar força

    A cinco dias da segunda volta das presidenciais francesas, Sarkozy decidiu reunir os seus apoiantes em Paris, onde os sindicatos desfilam na festa do 1.º de maio e a extrema direita reúne as suas tropas.

    Atrás de François Hollande em todas as sondagens, Nicolas Sarkozy convidou os seus militantes a sair à rua para uma “verdadeira festa do trabalho”, destinada a promover “o valor do trabalho”.

    Pelo contrário, François Hollande deslocou-se a Nevers, no centro do país, para assinalar a morte do antigo primeiro-ministro socialista Pierre Bérégovoy.

    Dezenas de milhares de pessoas são esperadas ao início da tarde na praça do Trocadero, em Paris, para esta iniciativa inédita denunciada pela esquerda como “uma provocação”.

    Sarkozy respondeu com um aumento dos ataques às organizações sindicais nos últimos dias.

    “Não estamos num jogo contra os sindicatos ou contra quem quer que seja”, disse hoje o líder do partido de Sarkozy, Jean-François Copéles, garantindo não se tratar de uma contra-manifestação.

    Perante este politizado 1.º de Maio, os sindicatos escolheram palavras de ordem que dizem ser estritamente sociais: emprego, poder de compra, luta contra “o racismo e a xenofobia”, apelando a uma mobilização em massa no desfile de hoje.

    Alemanha: líder sindical critica austeridade

    O presidente da Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB) criticou hoje as políticas de austeridade, acusando os políticos europeus de não enfrentarem os bancos e os especuladores, no principal comício sindical do Primeiro de Maio, em Estugarda.

    “Em vez de destruir a Europa com as políticas de austeridade, são necessários programas para estimular a conjuntura, afirmou Sommer.

    O líder sindical acusou ainda o Banco Central Europeu (BCE) de ter disponibilizado mais de um bilião de euros para empréstimos aos bancos privados superiores com juros de um por cento ao ano “e, simultaneamente, emprestar dinheiro aos Estados membros a juros de seis, sete e oito por cento”. Na opinião do chefe da DGB, uma tal política monetária “é nem mais nem menos do que roubar sistematicamente as finanças públicas”.

    Sommer exigiu também aos governos da União Europeia e da zona euro que introduzam um imposto sobre transações financeiras, acusando os políticos de se vergarem perante as recusas das bolsas de Nova Iorque e de Londres.

    “Nos países em crise do sul da Europa são homens de confiança do grande capital que estão na ponte de comando”, proclamou, defendendo a introdução do referido imposto para financiar programas de apoio à conjuntura e de combate ao desemprego juvenil.

    Sommer reiterou também a exigência dos sindicatos germânicos para introdução de um salário mínimo nacional na Alemanha de 8,50 euros por hora.

    O governo nomeou uma comissão formada por representantes das empresas e dos sindicatos para propor a introdução de uma remuneração mínima em setores não abrangidos pela contratação coletiva.

    Em declarações à edição de hoje do jornal Hamburger Abendblatt, a chanceler Angela Merkel voltou a recusar, no entanto, um salário mínimo nacional único e inscrito na lei, reiterando que uma tal medida poderia destruir empregos e impedir a criação de novos postos de trabalho.

    A DGB promoveu hoje mais de 420 atividades, com centenas de milhar de manifestantes, a nível nacional para assinalar o Dia do Trabalhador, sob o signo da luta contra as políticas de austeridade e o aumento do desemprego e do trabalho precário na Europa.

    Rússia: Putin e Medvedev participam pela primeira vez nos desfiles

    O presidente russo eleito, Vladimir Putin, e o chefe de Estado cessante, Dmitri Medvedev, juntaram-se hoje pela primeira vez a uma manifestação do 1.º de maio, organizada por sindicatos pró-Kremlin a dias da investidura do presidente.

    Cerca de 150 mil manifestantes participaram na concentração, organizada pelos sindicatos favoráveis ao poder e que decorre na rua Tverskaïa, principal artéria do centro de Moscovo, que se dirige ao Kremlin, segundo o serviço de imprensa da polícia da capital.

    Putin e Medvedev encabeçavam o desfile e numa enorme faixa podia ler-se “Nós somos uma força!”, segundo as imagens da televisão russa.
    A última participação de um chefe de Estado russo num desfile do 1.º de maio remonta a 1996, quando Boris Ieltsin, muito impopular na altura, se juntou aos manifestantes a poucas semanas das presidenciais.

    O desfile em Moscovo decorre a poucos dias da investidura de Putin, eleito a 04 de março com cerca de 64% dos votos, em condições controversas e apesar de um importante movimento de contestação.

    Após dois mandatos como presidente (2000-2008), deixou o Kremlin para se tornar primeiro-ministro, já que a constituição impede mais de dois mandatos consecutivos.

    Nessa altura, deixou o lugar de chefe de Estado a um subordinado, Dmitri Medvedev, que se deixou apagar perante o seu mentor para lhe permitir um regresso à presidência em 2012. Depois da investidura, Medvedev deverá tornar-se o seu primeiro-ministro.

    Segundo Mikhaïl Chmakov, líder da federação dos sindicatos independentes, próxima do poder, considerou o desfile de Moscovo “o mais importante” de todos os que se realizaram no país, tendo “cerca de um milhão” de manifestantes participado em outros desfiles no Extremo Oriente e na Sibéria.

    Os comunistas russos organizaram um outro desfile em Moscovo, no qual participaram 3.500 pessoas, segundo a polícia.

    A oposição russa não representada no Parlamento e que tem organizado grandes manifestações contra Putin não desfilou hoje, prevendo-se uma grande concentração a 06 de maio, véspera da investidura do presidente para um mandato de seis anos.

    Em São Petersburgo, cidade natal do presidente, cerca de 10.000 apoiantes e outros tantos opositores protestaram no centro da cidade, segundo constatou um jornalista da AFP.

    Turquia: dezenas de milhares concentram-se na praça principal de Istambul

    Dezenas de milhares de manifestantes de todos os campos políticos concentraram-se hoje para celebrar o 1.º de Maio na praça Taksim, a mais conhecida de Istambul, onde dezenas de pessoas morreram há 35 anos.

    Segundo os números oficiais, 20 mil polícias foram mobilizados para garantir a segurança e, para acederem à praça onde decorrem os protestos, cercada por barreiras metálicas, os manifestantes tinham de ser revistados e passar por um controlo de segurança, revelou a AFP.

    Os manifestantes representavam todas as correntes políticas, desde os comunistas aos islamistas anti-capitalistas, passando pelos curdos, organizações feministas e de homossexuais.

    Segundo a comunicação social, havia muitas dezenas de milhares de manifestantes naquela cidade turca, mas durante a manhã não se registaram incidentes de monta.

    A praça Taksim esteve interdita a manifestações até ao 1.º de maio de 2010 e desde 1977, quando desconhecidos abriram fogo sobre a multidão e, no pânico da fuga, 34 pessoas morreram. Os autores do atentado nunca foram identificados.

    Ásia: maior manifestação juntou milhares em Jacarta

    Milhares de trabalhadores indonésios manifestaram-se hoje na maior concentração do 1.º de Maio na Ásia, exigindo melhores salários e segurança laboral sob a vigilância apertada de polícias e militares.

    Por todo o continente asiático, protestos coloridos organizados por sindicatos e partidos de esquerda partilharam a exigência de melhores salários e condições de trabalho, denunciando as políticas governamentais numa altura em que os custos de vida aumentam exponencialmente nos países com maiores crescimentos económicos.

    Em Jacarta, capital da Indonésia, mais de 9.000 pessoas juntaram-se na maior praça e marcharam até à sede do Governo com cartazes em que se lia “aumentem os nossos salários” e “acabem com os contratos de ‘outsourcing'”.

    Cerca de 16 mil polícias e soldados foram destacados para garantir a segurança no protesto, disse o porta-voz da polícia de Jacarta, Rikwanto.
    “Os custos de vida aumentaram, mas os nossos salários mantêm-se inalterados. Só ganhamos o suficiente para comer e não temos dinheiro no banco. Não temos dinheiro para a educação dos nossos filhos” disse um líder dos protestos, Muhamad Rusdi, à AFP.

    “Também não há segurança no emprego. Trabalhos como o telemarketing ou a produção de bens electrónicos são entregues a empresas de ‘outsourcing’. Vivemos com medo de perder os empregos”, queixou-se ainda.

    Também em Hong Kong o aumento do salário mínimo foi a principal exigência dos cerca de 5.000 manifestantes. “O problema de Hong Kong é que a riqueza está concentrada num pequeno número de pessoas, muitos ainda vivem na pobreza”, disse o professor universitário Fernando Cheung, que ensina ação social.

    Em Manila, nas Filipinas, cerca 3.000 trabalhadores e ativistas marcharam até ao palácio presidencial, levando consigo uma efígie gigante do presidente, Benigno Aquino, como um cão obediente aos capitalistas estrangeiros.

    Na Malásia, o primeiro-ministro marcou o 1.º de Maio com o anúncio de planos para a instituição do primeiro salário mínimo para o setor privado, medida que beneficiará mais de três milhões de trabalhadores.
    A oposição socialista, por seu lado, realizou uma manifestação pacífica em Kuala Lumpur, apelando a salários mais elevados e considerando o anúncio governamental como uma “sátira para as eleições”, previstas para os próximos meses.

    Macau: Mais de mil protestam por melhores condições de vida

    Cerca de 1.500 pessoas saíram hoje à rua em Macau para os habituais protestos do 1º de Maio em que melhores condições de vida e a reforma política estiveram no centro das atenções.

    Divididos em quatro grupos, tantos quantos as associações que promoviam os protestos, os manifestantes percorrem, de forma pacífica, mas sempre acompanhados por um forte contingente policial, algumas das principais ruas de Macau reivindicando, por exemplo, a reunião familiar com os filhos – muitos deles maiores e já casados – que permanecem no continente chinês.

    A maioria das pessoas que integravam o grupo – o primeiro a chegar ao centro da cidade e que trocou o Palácio da Praia Grande (sede do Governo) pelo Gabinete de Ligação ao Governo Central da China para concluir o protesto -, são idosos que possuem o direito de residência em Macau.

    Um outro grupo de jovens protestava contra a alegada falta de liberdade de imprensa no canal chinês da TDM e no percurso da manifestação parou em frente da estação de televisão colando alguns cartazes nas paredes exteriores exigindo maior liberdade.

    Da reunião familiar à liberdade de imprensa e às melhores condições de vida para a população que sofre os efeitos da internacionalização da cidade e da escalada dos preços em vários setores da economia como o imobiliário, também a reforma política esteve no centro das atenções de um grupo de cerca de 50 pessoas liderado pelo deputado Pereira Coutinho e pelo presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, médico no hospital público de Macau e a participar em nome individual.

    Ostentando cartazes com a inscrição “+4, -4, +300”, Fernando Gomes defendeu ter “chegado a altura do Governo ter a coragem política de acrescentar quatro lugares eleitos diretamente pela população na Assembleia Legislativa, eliminar outros tantos nos deputados nomeados e aumentar em 300 o colégio eleitoral que elege o chefe do Executivo”.

    A Assembleia Legislativa é composta por 29 deputados, 12 dos quais eleitos por sufrágio direto, 10 por sufrágio indireto em representação da população e sete são nomeados pelo chefe do Executivo, mas em breve o Executivo deverá, depois de vários meses de consultas, apresentar uma proposta para acrescentar dois lugares nos eleitos diretamente e outros dois nos indiretos.

    Para Fernando Gomes “apenas os deputados eleitos diretamente representam verdadeiramente os interesses da sociedade e respondem perante o eleitorado, enquanto que os nomeados apenas defendem os interesses de quem os nomeou”.

    Moçambique: Central sindical exige aumentos salariais indexados à inflação

    Aumentos salariais indexados ao valor da inflação é a principal exigência da maior central sindical moçambicana, que espera reunir hoje nas ruas do país pelo menos 160 mil pessoas em celebração do Dia Internacional dos Trabalhadores.

    “Os salários são bastante baixos e o nível de vida bastante alto. Os trabalhadores não conseguiram recuperar aquilo que o seu poder de compra perdeu com a inflação”, disse à Agência Lusa Alexandre Munguambe, secretário-geral da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos – Central Sindical (OTM – CS).

    O Governo moçambicano aumentou, recentemente, as tabelas do salário mínimo do país, que variam de acordo com o sector de trabalho, mas, segundo a OTM-CS, a revisão é desadequada à realidade social dos trabalhadores moçambicanos.

    “Alguns sectores não chegaram a atingir aquilo que foi a inflação verificada no ano passado. O atual salário mínimo não chega a cobrir metade das despesas de uma família e isso é muito preocupante para os sindicatos”, avaliou o secretário-geral.

    Munguambe mostrou-se também “preocupado” com a proposta de Lei de Sindicalização na Função Pública, que o Governo moçambicano enviou recentemente para aprovação da Assembleia da República, devido às suas “restrições”.

    “Gostaríamos de ver as restrições impostas no projeto-lei diminuídas, porque há muitos funcionários públicos que vão ficar de fora”, disse.
    Em Maputo, no habitual desfile que assinala o 1.º de maio, a OTM – CS espera receber hoje cerca de 35 mil pessoas, que se irão reunir simbolicamente na Praça dos Trabalhadores da capital moçambicana.

    “A nível nacional, as estatísticas dos últimos três anos, apontam para 160 mil participantes sob o controlo da OTM-CS”, acrescentou Muguambe.
    Este ano, a OTM – CS tem como slogan principal no 1.º de Maio: “O trabalho digno, o salário justo, a paz e a justiça social”.

    FONTE: Expresso

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