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    Twitter Files | Rede social teria grupo secreto para censurar usuários

    O Twitter mantinha listas paralelas para limitar propositadamente a visibilidade de certas contas que fossem contra seus interesses. Essa é a conclusão de uma investigação chamada Twitter Files e conduzida pelo site The Free Press. Segundo a editora do site, Bari Weiss, havia uma manipulação para favorecer perfis e reduzir o alcance de determinados assuntos.

    “Uma nova investigação #TwitterFiles revela que equipes de funcionários do Twitter constroem ‘listas paralelas’, evitam que tuítes ‘negativos’ se tornem tendências e limitam ativamente a visibilidade de contas inteiras ou mesmo tópicos de tendências — tudo em segredo, sem informar os usuários”, disse Weiss em seu perfil.

    A profissional disse que a rede social tinha a missão de dar poder para criar e compartilhar ideias livremente, sem barreiras, mas que isso mudou nos últimos anos. Essas barreiras teriam sido erguidas propositalmente para controlar a opinião pública, indo além da mera moderação de conteúdos nocivos.

    O Twitter possuía algumas tags aplicadas aos perfis que exibiam detalhes sobre cada penalidade. Algumas desses selos eram sugestivos como “Do Not Amplify” (Não dar visibilidade, em português) e “Search Blacklist” (Restrição de Pesquisa, em tradução livre adaptada).

    Existia shadowban no Twitter?

    As administrações anteriores do Twitter nunca falaram absolutamente nada sobre isso, nem admitiram a existência do shadowban. Essa prática consiste em manipular o algoritmo para reduzir drasticamente o alcance de uma conta quando esta comete uma infração, sem precisar banir ou suspender o usuário.

    Weiss destacou que executivos e funcionários do Passarinho Azul usavam uma ferramenta chamada Visibility Filtering (Filtragem de visibilidade, em tradução livre). A VF servia para bloquear pesquisas de usuários individuais, limitar a descoberta de tuítes específicos, impedir posts de aparecer na página de tendências (mesmo que tivessem os requisitos para tal) e manipular a pesquisa de hashtags.

    O levantamento aponta para até 200 atuações como essa por dia pelo Strategic Response Team, uma equipe especial do Twitter cuja missão era agir diante de situações emergenciais. Esse grupo geralmente atuava para barrar conteúdos em desacordo com as regras, evitando que as pessoas precisassem denunciar fotos ou vídeos nocivos.

    As contas em monitoramento ficavam sob visualização constante dessas pessoas. Um perfil chamado @libsoftiktok, por exemplo, foi inserido em uma lista negativa de trends para impedir que seus tuítes viralizassem. Além disso, a conta tinha um aviso vermelho bem grande logo acima escrito: “Não tome medidas contra o usuário sem consultar o SIP-PES”.

    Quem mandava aplicar shadowban?

    SIP-PES é a sigla referente a “Site Integrity Policy, Policy Escalation Support”, uma espécie de grupo era secreto que incluía vários executivos do alto escalão. Faziam parte dessa equipe:

    A chefe de departamento jurídico, política e confiança no Twitter, Vijaya Gadde;

    O chefe global de confiança e segurança, Yoel Roth;

    O CEO e o ex-CEO do Twitter, Parag Agrawal e Jack Dorsey, respectivamente.

    Conforme a investigação, eram essas as pessoas responsáveis por decidir, em última instância, se uma conta seria ou não inserida no shadowban. Além disso, os executivos terminavam o tipo de punição e qual seria a justificativa data para isso.

    O que é o Twitter Files?

    O Twitter Files é uma operação de devassa total nas práticas da rede social, incentivada por Elon Musk, para mostrar condutas que consideradas antidemocráticas da plataforma. O objetivo é revelar como o Twitter agia para manipular a opinião pública, usando o seu algoritmo em favor de causas favoráveis e “derrubando adversários”.

    A investigação só é possível porque Elon Musk decidiu abrir as portas do seu QG para os jornalistas. Na semana passada, o jornalista Matt Taibbi divulgou documentos internos da rede social que continham links relacionados a políticos monitorados.

    Um dos casos envolveu o alcance de conteúdos relacionados a Hunter Biden, filho do agora presidente dos Estados Unidos. Na época, o New York Post publicou uma notícia em que acusava o filho de Joe Biden de corrupção em negócios no exterior, mas os posts foram derrubados sob alegação de propagarem fake news.

    Nesta semana, o vice-conselheiro geral do Twitter, James Baker, foi demitido acusado de ter agido para censurar o caso. Musk disse que deu a oportunidade para Baker se explicar, mas que o argumento foi pouco convincente.

    Dia 8 de Dezembro, o dono da rede social, o bilionário Elon Musk, anunciou que teria uma atualização futura da ferramenta para mostrar usuários com shadowban aplicados. A ideia era mostrar quem são as pessoas punidas, por qual motivo teve o alcance reduzido e como pode reclamar se não concordar com a decisão.

    A medida segue um caminho semelhante ao adotada pelo Instagram, que também vai ser mais transparente. O objetivo é mostrar claramente quando algum perfil deixar de ser recomendado no Feed, na guia Explorar e nos Reels por alguma violação.

    Canaltech

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