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    “Ser menina em Angola”: Projecto BeGirl capacita adolescentes sobre ciclo menstrual

    O UNFPA Angola, em parceria com a BeGirl e os seus parceiros Nacionais está a desenvolver uma iniciativa piloto nas Províncias de Luanda, Huíla, Huambo e Lunda Norte, entre adolescentes (meninas e meninos) dos 10 aos 16 anos de idade, cujo objectivo central é o de providenciar informações e materiais adequados a gestão menstrual e remover barreiras relacionadas com a menstruação rumo à promoção da igualdade de género.

    Como parte desta iniciativa, está prevista a distribuição de duas Cuequinhas de Menstruação (PeriodPanties) às meninas, para que possam fazer, de forma eficaz, a gestão da sua menstruação e ainda a distribuição da ferramenta “reloginho menstrual” (SmartCycle) a meninas e rapazes para os apoiar na aprendizagem e monitorização do ciclo menstrual. A iniciativa prevê alcançar 1000 meninas e 1000 meninos, através de um método educacional baseado na empatia e que permitirá a estes meninos e meninas perceber melhor esta que é uma fase normal na vida de meninas, de forma a que se possam tornar adolescentes e jovens informados e empoderados.

    Para possibilitar os resultados propostos, o UNFPA Angola, em parceria com a BeGirl Inc., formou 27 técnicos pertencentes ao Governo e Sociedade Civil que, nas províncias identificadas, vão realizar workshops com meninas e meninos com recurso a materiais educacionais e informativos, que os irão auxiliar na facilitação e aprendizagem e proceder à distribuição dos materiais educacionais e de gestão menstrual, utilizando a metodologia SmartCycle.

    A história de Lídia
    Lídia é uma menina de 16 anos que estuda no município da Matala, na província da Huila. A Huila é uma província de Angola conhecida pela sua beleza e produção agropecuária. Infelizmente, muitas meninas da idade da Lídia já abandonaram a escola.

    Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde (IIMS) 2015-2016, a média de anos de escola, por mulher, na Huíla, é de 3 anos. As causas estão ligadas a inúmeros factores sociais, existindo, no entanto, uma ligação estreita entre o abandono escolar das meninas e o começo do ciclo menstrual.

    Muitas meninas como a Lídia que vivem em comunidades rurais e remotas não sabem, por exemplo, que existem produtos de higiene menstrual, que as podem ajudar a gerir este período que é uma fase normal na vida de uma menina e mulher. Esta falta de conhecimento também contribui para a alta taxa de gravidez na adolescência, sendo que, na Huila, 36% das meninas entre 15 e 19 anos já tiveram a primeira gravidez.

    A vulnerabilidade das meninas em Angola é reconhecida. Estudos e Inquéritos realizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nos últimos 5 anos, demonstram vários impedimentos ao acesso de meninas à educação e também mostram disparidades de género. Na Huíla, 20% dos homens e rapazes tem acesso à internet, contra apenas 10% das mulheres e raparigas.

    Para fazer face às barreiras que limitam o acesso à educação deste grupo vulnerável, em particular no meio rural, o UNFPA tem estado empenhado, conjuntamente com os seus parceiros, na busca de soluções para a saúde menstrual que, em muitos contextos, é inadequada ou inexistente, factor que condiciona a continuidade da vida escolar das meninas. É sabido que um grande número das meninas faltam, mensalmente, às aulas, nos dias em que estão com a menstruação, repetindo-se a cada ciclo menstrual, o que leva muitas delas a desistir completamente da escola. A falta de acesso a produtos de higiene menstrual e a falta de instalações sanitárias adequadas nas escolas contribuem directamente para o aumento da taxa de abandono escolar de meninas pre-adolescentes e adolescentes.

    A saúde e higiene menstrual inadequadas constituem um desafio multidimensional perpetuado pela falta de acesso a produtos de protecção menstrual, informações sobre menstruação e saúde sexual reprodutiva, falta de infra-estruturas de saneamento adequadas e amigáveis e tabus relacionados com o tema. Na escola, as normas de género provocam sentimentos de vergonha que, por sua vez, levam ao abandono escolar e ao aumento do estigma, comprometendo o empoderamento e a participação igualitária das meninas e mulheres em todos os sectores da sociedade.

    A Lídia participou na actividade de campo piloto de formação de formadores na Huila e partilhou a sua experiência. Nas suas palavras: “Nos deram smartcycle e as calcinhas, gostamos de usar, eu me senti confortável, e espero que outras pessoas que receberam o mesmo se sintam confortáveis.” Ver a Lídia fazer esta formação ao lado dos seus colegas rapazes, criando uma rede de empatia entre eles sem tabus, é um verdadeiro passo na direcção da inclusão das meninas e da igualdade de género.

    A BeGirl é uma empresa de carácter social de design, cujo propósito é o de acabar com o estigma da menstruação, para que o facto de ser menina não constitua uma barreira de acesso à educação, saúde e outras oportunidades de vida que lhes permitam terem sucesso pessoal e profissional. Através da criação de produtos inovadores para a menstruação, funcionais e acessíveis, a empresa conta com uma vasta gama de produtos que vão desde cuecas menstruais, toalhinhas, copos menstruais e mecanismos de apoio à monitoria do ciclo menstrual.

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