Líder do PS esteve com o Presidente e apela a mudança de “trajectória”. Passos garante que “não é preciso mais austeridade” mas culpa procura externa.
O fosso é cada vez maior entre o PS e a actual maioria. Ainda que, em linhas gerais, os últimos dias possam ter trazido uma aproximação de posições – com o governo a pedir a revisão das condições do ajustamento junto das instâncias europeias –, há um diferendo quanto à origem de toda a situação. O governo argumenta com a má resposta da procura externa e o PS garante que houve “falhanço” na política do executivo. Ontem António José Seguro esteve em Belém e agravou o discurso alertando para a “iminência de ruptura social”.
Numa reunião de uma hora e meia com o Presidente da República, Seguro fez saber que não vai admitir mais austeridade. “Os portugueses não aguentam mais sacrifícios e não são possíveis mais medidas de austeridade.” A recusa tem eco nas palavras do primeiro-ministro, que, logo ontem de manhã, garantiu que “não é preciso juntar mais austeridade” à que já existe para controlar o défice. A manobra do executivo será outra (ver páginas anteriores), já que Passos reconhece que, “com uma contracção maior da procura externa, será muito difícil atingir os objectivos do défice nominal”.
É aqui que se desequilibra a relação entre os dois partidos de poder: Passos insiste em culpar factores externos (apoiado por Paulo Portas, que diz mesmo que o país “merece um prémio”), Seguro garante que o governo falhou. A dialéctica muda de lado: em 2010 era o PS de Sócrates a culpar a crise internacional e o PSD a falar em falhanço da política orçamental.
Agora Seguro ainda acrescenta um ponto: “Vivemos na iminência de uma ruptura social.” Na reunião “muito importante e profícua” com o Presidente, Seguro deu conta desta preocupação e acrescentou-lhe uma expressão cara ao Presidente, a da “espiral recessiva”: “O país está a viver uma degradação acelerada da situação social e da situação económica, estamos a caminho de um milhão de desempregados, uma espiral recessiva em termos económicos e é necessário pôr travão e esta situação.” Ler mais
(ionline.pt)