Aposta decisiva no sector primário da economia demonstra a capacidade de mobilizar mais recursos e contribuir para estratégia de diversificação que se quer com a diminuição da dependência petrolífera.
O presidente do Conselho de Administração do Banco Internacional de Crédito (BIC), Fernando Teles, anunciou, recentemente, em Luanda, que a sua instituição vai constituir uma sociedade para actuar no segmento da agro-pecuária a denominar-se “BIC agro-pecuária”.
Segundo disse, o potencial agrícola que o país apresenta deve, continuamente, mobilizar novos actores e investidores, sobretudo em sectores estratégicos como é o caso da agricultura e da criação de gado.
Assumindo-se como um “homem do campo”, Fernando Teles disse ter boas recordações dos tempos em que da produção de algodão à do café, da criação de caprinos a bovinos, o corredor centro norte, a título de exemplo, mostrava inúmeras potencialidades.
Garantiu que a sociedade agro-pecuária é uma iniciativa dos sócios do banco, que têm no sector primário a alternativa à dependência que se vive do sector mineral, nomeadamente ao petróleo e diamante.
Lembrou também que o seu banco tem muito dinheiro investido já na agro-pecuária, uma vez que tem priorizado financiamentos aos fazendeiros e criadores um pouco pelo território nacional.
Angola Investe
Fernando Teles disse que o programa Angola Investe, de iniciativa do Executivo angolano, deve ser visto como uma oportunidade para os agentes económicos, sobretudo os que actuam nos sectores produtivos.
Para ele, este é um mecanismo para se conseguir financiamento barato e com garantias públicas. O que resta, em seu entender, é os operadores apresentarem programas fiáveis e com forte margem de sucesso.
Para Fernando Teles, o Estado e os bancos, no programa Angola Investe, estão a arriscar, mas têm que arriscar com empresários sérios, porquanto alguns empresários habituaram-se mal e não são sérios na apresentação de projectos, razão pela qual há muito crédito mal parado.
“Quando nós conhecemos a sua forma de actuar e há informações negativas a seu respeito, nós não podemos estar a aprovar projectos de financiamento relativamente a empresários que nós sabemos que não vão ter sucesso, porque estão ali para não ter sucesso. Mas estão aí para retirar fundos dos bancos e depois não pagar”, denunciou.
O presidente do banco BIC garantiu que está e vai continuar a apoiar empresários que pensam pagar aos bancos e contribuir para o desenvolvimento da economia angolana.
Um financiamento, avaliado em dois mil milhões e 400 milhões de kwanzas, para viabilizar a implementação de um projecto de produção de milho em grande escala, no município da Kibala, província do Kwanza-Sul, foi aprovado em Dezembro último, pelo banco BIC, anunciou hoje o seu presidente do conselho de administração, Fernando Teles.
A iniciativa empresarial, que surgiu no âmbito do programa Angola Investe, é um projecto integrado que terá uma fábrica de rações, uma de fuba, área para criação de porcos e um matadouro.
500 milhões de dólares em “mal parado” no BPC
O Banco de Poupança e Crédito (BPC) tem, até ao momento, um total de 500 milhões de dólares (mais de 48 mil milhões de kwanzas) em crédito “mal parado”, segundo fez saber o seu presidente do conselho de administração.
De acordo com Paixão Júnior, que falava à margem da inauguração de mais uma agência, na zona do Camama, em Luanda, deste valor, que representa 17 por cento da carteira de crédito, dez são recuperáveis, uma vez que os devedores estão localizados e possuem património que serve de excelente garantia ao banco.
O bancário apelou, deste modo, que os devedores da banca trabalhem para que se mantenha a confiança com os operadores, uma vez ser a banca a principal fonte de financiamento de projectos, sobretudo de iniciativa privada.
Ainda conforme Paixão Júnior, o aumento do crédito “mal parado” não significa existência de dinheiro incobrável, daí que as instituições têm feito muito para recuperar os valores em causa. (jornaldeeconomia.ao)
Por: Isaque Lourenço