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    Patrice Trovoada reeleito presidente da ADI, o maior partido da oposição são-tomense

    DW África

    O antigo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe Patrice Trovoada foi reeleito em congresso presidente de uma ala da Ação Democrática Independente (ADI), tendo prometido reestruturar o partido em seis meses.

    Patrice Trovoada foi eleito no sábado (28.09), em São Tomé, presidente da ADI numa lista única que elegeu como primeiro e segundo vice-presidentes Orlando da Mata, empresário, e Selmira Fernandes, deputada na Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe. Trovoada foi eleito com 999 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção.

    No discurso dirigido aos congressistas, numa mensagem gravada, Patrice Trovoada, que suspendeu as suas funções de líder da ADI cerca de dois meses após ter perdido as legislativas de Outubro do ano passado, atacou duramente os responsáveis da nova direcção da ADI, já sufragada pelo Tribunal Constitucional (TC).

    “Nos últimos meses, algumas pessoas no nosso seio precipitaram-se, não pensaram no partido e na sua reestruturação”, disse o ex-primeiro-ministro, que acusou a liderança de Agostinho Fernandes de ter sido legitimada “administrativamente e fruto de combinações obscuras”.

    No seu longo discurso ao congresso, Patrice Trovoada acusou ainda a nova direcção da ADI de comportamento “mesquinho e maléfica ambição” por ter “vendido a sua alma ao diabo, embriagando-se pelas actuais mordomias que o poder confere”. O reeleito presidente acusou toda a direcção legitimada da ADI de se “deixar embriagar pelo dinheiro e virar as costas à casa em que nasceram”, para se “banquetearem com os carrascos”.

    ADI divida

    A ADI está divida, uma vez que se transformou numa força com duas direcções partidárias. Agostinho Fernandes foi eleito para a direcção do partido por aclamação há sensivelmente quatro meses e no início deste mês o Tribunal Constitucional legitimou a sua liderança.

    Com as eleições presidenciais à porta, em 2021, Agostinho Fernandes diz-se desgastado com a divisão do partido e anunciou há duas semanas que não estava “amarrado ao poder” e que por isso iria anunciar uma nova data para um congresso do partido com vista a devolver a união ao mesmo.

    O Congresso em que Patrice Trovoada é eleito presidente acontece numa altura em que Agostinho Fernandes se encontra ausente do país. Mas o actual vice-presidente da ADI, Orlando da Mata, defende que a eleição da direcção de Fernandes foi impulsionada por motivações externas, sem adiantar mais pormenores.

    Na mensagem transmitida na sala do congresso, o filho do antigo presidente são-tomense Miguel Trovoada criticou ainda a governação de Jorge Bom Jesus, actual primeiro-ministro são-tomense, que considera “fraca”, por não existirem “perspectivas de desenvolvimento socioeconómico”. “O investimento privado estrangeiro está em nítido recuo e não há nenhuma acção credível para minimizar o seu impacto catastrófico”, frisou.

    Patrice Trovoada avançou que “o país não tem perspectiva de dias melhores. O Governo aumentou as taxas de bens e serviços, os serviços públicos estão mais caros e menos eficientes, os combustíveis aumentaram. Os fundos europeus extraordinários e as ajudas da China e da Guiné Equatorial só servem para pagar as despesas correntes”, comentou.

    Trovoada criticou também o silêncio e a passividade do Presidente são-tomense Evaristo Carvalho que, no seu entender, tem os poderes usurpados pelo Governo. “Não parece haver seriedade dos governantes para que haja um verdadeiro poder judicial competente, capaz de julgar e dizer o direito em nome do povo”, acrescentou.

    Patrice Trovoada sem condições para regressar

    Segundo a agência de notícias Lusa, o vice-presidente Orlando Fernandes defendeu no sábado (28.09) que “não estão criadas condições políticas para o regresso do líder Patrice Trovoada ao país. “A nível político, não estão criadas as condições para que o líder regresse”, asseverou Orlando Fernandes, temendo uma eventual detenção do ex-primeiro-ministro que o actual Governo de Jorge Bom Jesus acusa de várias irregularidades financeiras durante os quatro anos da sua governação, incluindo a ocultação, ao Fundo Monetário Internacional (FMI), de uma dívida superior a 70 milhões de dólares.

    Patrice Trovoada abandonou o país e o partido depois dos resultados das eleições de Outubro de 2018 que tirou a maioria absoluta ao partido ADI que governou o país até Outubro de 2018 com uma maioria absoluta de 33 deputados.

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