Exportar flores, fruta e vegetais no Quénia vale mais do que diamantes em Angola, é renovável e sem impacto ambiental
Um mês de diferença, mas 12 anos de intervalo, separam as independências de Angola (1975) e do Quénia (1963). Que história diferente: um regime de partido único mais tarde transvertido em autocracia versus democracia, guerra civil versus estabilidade e economia planificada transformada em economia rentista e autofágica versus economia de mercado.
Pelas centenas de biliões de dólares oriundas do petróleo, Angola teve, relativamente ao Quénia, uma situação invejável. Contudo, revelou-se uma armadilha. Mas, e diga-se sem rodeios, assim o quis conscientemente e com denotada dedicação trabalhou para isso.
O resultado está à vista. As exportações sempre ancoradas em mais de 95% no petróleo. Mas olhemos para o outro sector extrativo supostamente brilhante, como é o diamante. Em 2000, 2010 e 2019, as suas exportações foram, respetivamente, de 739, 976 e 487 milhões de dólares, representando 1%, 1,3% e 1,4% do total.
Embora tenham aberto algumas fábricas de lapidação, apenas processam 2% da produção total e a sua ligação à economia é mínima, a não ser a proliferação de empresas privadas de segurança ligadas a pessoas politicamente expostas. Calcula-se em cerca de 200 mil os trabalhadores ilegais.