A “Grande Exposição de Arte Alemã”, patrocinada pelo regime nazi anualmente, entre 1937 e 1944, estão agora disponíveis online, através de mais de 100 mil fotografias, numa iniciativa do Instituto Central de Munique para a História de Arte, informou ontem a Reuters.
O catálogo online, agora disponível gratuitamente pela primeira vez, está organizado por artista, género e tema, sendo também possível aceder aos dados dos proprietários das obras de arte, dando uma nova visão e perspectiva sobre o tipo de arte e trabalhos aprovados por Adolf Hitler e que definiam o gosto dos cidadãos da época e seguidores do regime nazi.
De forma a mostrar o seu ideal de arte alemã, explicam os organizadores, Hitler construiu, em parceria com o arquitecto Paul Ludwig Troost, a Haus der Deutschen Kunst (hoje Haus der Kunst), A Casa da Arte Alemã, onde todos os anos acontecia a “Grande Exposição” de centenas de obras de arte aprovadas pelo ditador, depois de uma grande selecção.
“Todos os anos Hitler nomeou Heinrich Hoffmann como o examinador preliminar. Os trabalhos que ele considerasse que valiam a pena ser vistos pelo Fuhrer eram levados para as salas de exposição para depois Hitler julgar a sua importância. As coisas que ele gostava eram exibidas, as que ele rejeitava eram consideradas medíocres, assim como o artista”, escreveu Otto Dietrich na biografia de Hitler sobre a exposição anual.
Apesar de apenas as obras de arte aprovadas por Hitler terem sido expostas, a historiadora Christian Fuhrmeister, que está ligada a este projecto, explicou que este catálogo completo de todas as exposições realizadas na altura mostra que a exposição não era apenas propagandista porque Hitler tinha também sensibilidade para a arte.
Segundo ela, dos 1.200 a 1.800 objectos exibidos todos os anos, apenas em cerca de 50 a 60 obras é notória a propaganda e a ideologia nazi, no resto encontram-se várias paisagens, naturezas-mortas e diversas pinturas.
As fotografias estiveram durante décadas arrumadas em álbuns no Instituto Central. No entanto, em 2004, um grupo de investigadores juntou-se à Haus der Kunst, espaço onde aconteciam as exposições, e ao museu Deutsches Historisches, em Berlim, que detém mais de 700 obras de arte compradas por Hitler, e começaram a catalogar e a digitalizar a colecção.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: AFP