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    Njinga-Rainha de Angola exibido em Montreal

    O filme angolano Njinga-Rainha de Angola, produzido pela Semba Comunicações, foi exibido na sexta-feira e sábado na cidade canadiana de Montreal, província de Quebeque.

    Cartaz do filme da Rainha Nginga (Foto: Manuel Kigunda)
    Cartaz do filme da Rainha Nginga (Foto: Manuel Kigunda)

    A longa metragem, que tem nos principais papéis a modelo Lesliana Pereira, Sílvio Nascimento e Jaime Joaquim, está a representar o país no World Film Festival (Festival de Filmes do Mundo), a decorrer de 21 de Agosto a 1 de Setembro do corrente ano naquela província francófona do Canadá.

    Algumas películas, das 350 presentes, concorrem aos prémios de melhor faixa, realizador, actor e contribuição artística. Estão em disputa igualmente o Grande Prémio das Américas, o Grande Prémio Especial dos Juris e o Prémio de Inovação.

    O filme de Angola revela a trajectória da vida de Rainha Jinga Mbandi, descrita como uma mulher forte, destemida e inteligente, enquanto princesa até a sua ascenção ao poder, após a morte de seu pai, Ngola Kiluanji.

    As guerras de sertão contra a Rainha, a ocupação de Luanda pelos holandeses em 1641, que motivou a Njinga a estabelecer uma aliança com estes, como estratégia para combater os portugueses e evitar com isso a subalternização e a opressão do seu povo são também retratados no filme.

    Com 99 minutos de duração, o mesmo foi gravado em Português, com alguns trechos pronunciados em kimbundo, e exibido para o público canadiano com legendas em inglês.

    O produtor executivo, Coreon Du, presente nas sessões de apresentação da película angolana, prestou esclarecimentos aos espectadores sobre o filme e alguns aspectos da cultura e história do país, tendo vincado a importância que representa a Rainha Njinga Mbandi no contexto nacional.

    Falando alternadamente em inglês e francês, as línguas oficiais do Canadá, Coreon Du informou a plateia que “Njinga-Rainha de Angola”, baseou-se nos manuscritos dos missionários católicos que se instalaram em Angola em 1491.

    Explicou que os trabalhos de filmagem, iniciados em 2013 e que abrangeram maioritariamente as áreas geograficas de Luanda e Malange, foram realizados num período de seis semanas, após um aturado trabalho de criação que durou alguns anos e que envolveu consultas com historiadores e especialistas do ramo.

    Questionado sobre a escolha do português como língua dominante no filme, Coreon Du esclareceu que actualmente em Angola, com excepção dos mais velhos, poucas pessoas dominam as línguas nacionais e, na sua óptica, dada a magnitude da figura que representa a Rainha Njinga Mbandi, era importante que todos pudessem compreender o enredo do filme.

    Dando seguimento, adiantou que o problema está ligado à colonização do país, em que a potência colonial, ao tentar apagar a cultura angolana com o seu programa de assimilação, proibia o uso das línguas nativas até mesmo por parte das crianças e isso contribuiu grandemente para o desaparecimento de alguns idiomas e o pouco uso de outros.

    Ressaltou ter havido a preocupação de empregar-se algumas passagens em Kimbundo por representar a língua dominante da região tratada no filme, os Reinos do Ndongo e da Matamba.

    Instado pela audiência a falar de seus trabalhos no ramo, o responsável da Semba Comunicações falou da sua trajectória como produtor, do papel da instituição que representa e dos vários projectos que possui em carteira que, segundo explicou, carecem de financiamento para a sua materialização.

    “Foram necessários seis anos para conseguirmos angariar fundos para a realização do filme “Njinga-Rainha de Angola”, rematou Coreon Du perante a audiência que ocorreu à sala 13 do Cinema Quartier Latin para apreciar o produto do seu trabalho.

    O World Film Festival de Montreal visa fomentar a diversidade cultural, estimular a produção de filmes em todos os continentes e o desenvolvimento de um cinema de qualidade, bem como promover cineastas e obras inovadoras, descobrir e incentivar novos talentos e proporcionar encontros entre profissionais do cinema de todo o mundo.

    A 38a edição deste festival, que vem sendo promovido desde 1977, é dedicada à memória do escritor Gabriel Garcia Marquez. Nela participam filmes de 74 países nas categorias de curta e longa metragem, bem como documentário.

    Angola, Tunísia, Etiópia, Marrocos e Argélia representam os países africanos neste certame, considerado o único festival de cinema competitivo na América do Norte que é reconhecido pela Federação Internacional de Associações de Produtores de Filme (FIAPF).

    Participam igualmente o Brasil, Portugal, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Bélgica, Espanha, Rússia, México, Argentina, China, India, Estados Unidos, Itália, Suiça e Canadá. (portalangop.co.ao)

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