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    Nguxi dos Santos: ‘RIO LOCO’ do som angolano

    NGuxi dos Santos, o realizador de RIO LOCO Foto: DR
    NGuxi dos Santos, o realizador de RIO LOCO
    Foto: DR

    Aquela noite de sexta feira, 26 de Julho de 2013, no CEFOJOR, começou com a magia dos sons dolentes do kisanji de Makuma Mambo. Era o prelúdio da apresentação do documentário ‘Angola Rio Loco 2012’, de Nguxi dos Santos, um cameraman que vai atrás dos ritmos coloridos da vida, para os dar ao telespectador como peças de um mundo recém materializado.

    Nguxi deslumbra pela surpresa e pelo arrojo das cenas captadas em momentos que parecem banais para o resto dos fazedores de filmes.

    Este incansável caminhante de barba de aço mete alguma pemba nessas imagens a rodar no celulóide. Que poderia esperar Rio Loco, que contou a sua 18º edição, de 25 de Maio a 26 de Junho de 2012 em Toulouse, na França, de um rastafari visionário, de sorriso sempre aberto no portal dos lábios, com o peso de uma câmara de filmar a flutuar no ombro?

    Angola 70 (Carlitos, Chico Montenegro, Joãozinho Morgado) com Rosa Roque. Foto: DR
    Angola 70 (Carlitos, Chico Montenegro, Joãozinho Morgado) com Rosa Roque.
    Foto: DR

    O festival de Toulouse foi uma homenagem à divina Cesária Évora. Porque era dedicado aos falantes da lingual portuguesa. O conjunto Angola 70, onde pontificaram Zecax ( a voz de diamante cor de rosa num kimberlito de eterna infantilidade), Joãozinho das Congas (o pai grande dos ngomas, o angolano de mãos de fogo e ritmo), Chico Montenegro, Carlos Timóteo (Calili) e Raúl Tolingas fizeram em estilhaços as almas dos franceses e angolanos e gente de todas as diasporas que lá estiveram no Rio Loco. Zecax, talvez em despedida do mundo, foi um mago do semba, as violas despertaram os pássaros na noite e as batuques fizeram tremer a terra.

    Zecax, uma eterna saudade. Foto: DR
    Zecax, uma eterna saudade.
    Foto: DR

    Nguxi dos Santos captou os sons e os movimentos, as cores e os reflexos dos adereços e foi até à alma do público beber as emoções para dentro da sua câmara. Só um kimbanda de barba de aço e sorriso de kandengue pode ser capaz dessa magia intensa em forma de documentário, o género que ele melhor domina.

    Para além de Angola 70, Paulo Flores e Bonga também subiram ao palco. O Paulo levou todas as flores mais suaves da sua voz ao interpretar, com Yuri da Cunha, o doloroso tema Belina, criado por Artur Nunes, o maior espiritual angolano de todos os tempos. José Luís Mendonça (CULTURA-Jornal angolano de Artes & Letras)

     

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