O hospital Neves Bendinha, (hospital dos queimados), registou no primeiro semestre deste ano a entrada de 2.670 pacientes e muitos apresentavam queimaduras profundas informou ontem o director-geral da unidade hospitalar Valdemiro Diogo.
Em declarações ao Jornal de Angola, o gestor hospitalar Valdemiro Diogo disse que houve uma ligeira diminuição em relação aos casos registados em 2010.
O responsável do Hospital Neves Bendinha sublinhou que houve um acréscimo no número de atendimento diários, “porque em 2010 a média de atendimento diário variava entre os 15 e os 20 pacientes, mas hoje recebemos de 20 a 30 doentes por dia”.
Valdemiro Diogo informou estes dados são indicadores de que as queimaduras ligeiras acontecem menos “e voltámos novamente aos grandes acidentes. Só nos últimos dois meses, o hospital recebeu famílias inteiras com queimaduras causadas por explosões de gás de cozinha”.
O director do Hospital Neves Bandinha disse que a situação “está a tornar-se preocupante tendo em conta que os pacientes com queimaduras graves precisam de um tratamento mais caro e mais aturado”. A título de exemplo, o director disse que na semana passada o hospital dos queimados recebeu uma família composta por oitos membros com queimadura do primeiro grau e alguns sinistrados estão em perigo de vida.
O director geral do Hospital Neves Bendinha disse que face ao aumento do número de queimaduras graves, os óbitos também tendem a aumentar, “porque em 2010 tivemos 263 óbitos, mas já este ano registámos 319, óbitos só no primeiro semestre.
Quanto às condições do hospital, Valdemiro Diogo acentuou que é preciso ampliar e melhorar as condições da unidade sanitária para que os pacientes sejam devidamente internados e tratados.
“As nossas enfermarias ainda são em pavilhões e isto não pode continuar assim, porque quando são mais de dois pacientes queimados a serem tratados no mesmo quarto, corre-se o grande risco de proliferação das infecções e há um aumento no índice de mortalidade”, frisou o médico.
Valdemiro Diogo disse que o Hospital Neves Bendinha tem 60 camas e “quando recebemos três ou quatros famílias numerosas de uma só vez, fica complicado recebermos outros doentes, mas como não podemos mandá-los embora somos obrigados a abarrotar as salas”, sublinhou.
Falta de médicos
O director-geral do Hospital Neves Bendinha explicou que a unidade conta apenas com sete médicos, sendo três cirurgiões que trabalham na área dos queimados. Este número é muito reduzido tendo em conta a quantidade de pacientes que acorrem à urgência. Além dos sete médicos permanentes, o hospital dos queimados conta com a ajuda de mais três médicos colaboradores que trabalham na área dos cuidados intensivos e no banco de urgência, mas este reforço não resolve os problemas do hospital.
Valdemiro Diogo referiu que o hospital dos queimados precisa de médicos intensivistas, anestesistas, cirurgiões, nutricionistas, psicólogos clínicos e fisioterapeutas tendo em conta que o tratamento dos queimados é multidisciplinar.
Medicina geral
“Precisamos de toda esta gama de especialista para que os pacientes queimados possam ser bem trados e recuperem a sua auto-estima e gosto pela vida. Se não envolvermos estes profissionais durante a recuperação do paciente, estamos a tratá-los de forma parcial”, assegurou Valdemiro Diogo. O hospital Neves Bendinha apesar de atender principalmente pacientes queimados, também presta assistência de medicina geral.
Embora o espaço do Hospital Neves Bendinha seja reduzido para albergar todos estes serviços, Valdemiro Diogo explicou que as áreas de medicina existem desde a criação do hospital, “ e não podemos tirá-los porque senão a população que tem recorrido ao estabelecimento fica sem assistência e é obrigada a percorrer quilómetros até ao Hospital Américo Boavida ou outros hospitais.
Fonte: Jornal de Angola