O especialista em educação ambiental, Nascimento Soares, disse sexta-feira, na cidade do Soyo, província do Zaire, que a desflorestação, o contágio de rios e mares, a exploração desmedida de inertes e a deposição de grandes quantidades de resíduos sólidos tem contribuído grandemente para os problemas ambientais no país.
O especialista, que se encontra naquela localidade, no âmbito da campanha de educação ambiental na região, defendeu a mudança de mentalidade dos cidadãos na preservação do ambiente para a sobrevivência das espécies, incluindo o próprio homem.
Nascimento Soares qualificou a emissão de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e oxinitroso de metano, a destruição dos mangais e a caça furtiva, como problemas nacionais que podem ser considerados mundiais.
Para se inverter o quadro, disse ser necessário disciplinar a população para garantir o futuro do planeta Terra. A campanha de educação ambiental, organizada pelo Ministério do Ambiente, aberta na sexta-feira e que encerra hoje, é dirigida especialmente para estudantes do ensino médio e superior, professores e empresas petrolíferas.
Membro do Comité Planeta Terra, Nascimento Soares indicou que a campanha, que se realiza sob o lema “Jornadas alargadas de educação ambiental e cidadania”, visa, fundamentalmente, educar e sensibilizar a população para a mudança de hábitos e incutir uma mentalidade positiva para com o ambiente.
“Estamos conscientes que a província do Zaire, sobretudo o município do Soyo, é uma província estratégica do ponto de vista de desenvolvimento sócio-económico, pelo que, efectivamente, tem alguns problemas ambientais. Daí a sensibilização dos cidadãos para mudarem a sua forma de actuação contra o ambiente”, sustentou.
O abate dos mangais para dar lugar a projectos habitacionais e não só, constitui, segundo o especialista, um grave problema ambiental, pelo seu papel na protecção de várias espécies, incluindo o próprio homem, como principal autor da sua destruição.
O especialista admitiu que os mangais jogam um papel muito importante na manutenção e servem de zonas de desova de muitas espécies animais, acrescentando que as árvores ou a vegetação desempenham uma acção positiva na manutenção do clima, através da absorção de dióxido de carbono, permitindo a purificação do ar.
Nascimento Soares lembrou que as agressões ambientais afectam não só o clima como também o ecossistema marinho, porque várias espécies de animais habitam em mangais e a sua destruição pode provocar a extinção da biodiversidade. Uma das questões também levantada pelo especialista e que tem preocupado a humanidade, tem a ver com a caça furtiva, sobretudo no abate indiscriminado de animais em estado de gestação. Para ele, tal procedimento pode levar à extinção de várias espécies.
A título de exemplo, apontou a pesca ilegal que levou à escassez do carapau, obrigando o Executivo a adoptar medidas restritivas para a sua manutenção.
O Ministério do Ambiente ainda não começou a penalizar os infractores, mas Nascimento Soares referiu que o órgão do Estado está a agir de forma pedagógica, educando a população para os actos que afectam o meio ambiente.
“Estamos a trabalhar, sensibilizando a população, para que no futuro esses problemas sejam acautelados, com a tomada de algumas medidas, aplicando multas e taxas ambientais, para as instituições que infringem a lei”, disse.
Por sua vez, o responsável pelo departamento do Ambiente no Zaire, Manuel Salvador, recordou que o governo provincial tem vários projectos ambientais, sobretudo para o combate às queimadas e à poluição sonora e atmosférica, e a defesa da biodiversidade.
Problemas como a caça furtiva, destruição de mangais para dar lugar a construções e a deposição de resíduos sólidos em zonas costeiras e não só, constituem preocupações das autoridades locais.
Jaquelino Figueiredo| Soyo
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Jaquelino Figueiredo| Soyo