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    Morreu Ricardo Chibanga o 1° toureiro africano negro

    RFI|Isabel Pinto Machado

    Faleceu, na terça-feira, 16, em Portugal com 76 anos de idade, o luso-moçambicano Ricardo Chibanga, o primeiro “matador de touros” negro africano, que se estreou no Campo Pequeno em 1965 depois de ter deixado Moçambique em 1962 para ingressar na Escola de Toureio da Golegã, cidade ribatejana onde residiu até à sua morte.

    Ricardo Chibanga faleceu com 76 anos esta terça-feira (16/04) em sua casa na Golegã, distrito de Santarém, no Ribatejo, onde sempre residiu, pouco tempo depois de ter deixado o hospital após ter sofrido um AVC a 2 de Março de 2019.

    De família modesta Ricardo Chibanga vivia no Bairro da Mafalala, na então Lourenço Marques, tal como os seus compatriotas futebolistas Coluna, Hilário e Eusébio, com quem prestou aliás o serviço militar.

    Sobre o seu percurso conversamos com Paulo Pereira, responsável de Comunicação do Campo Pequeno, que conheceu bem Ricardo Chilanga, assistiu esta terça-feira ao seu velório e não descarta a hipótese de até ao final desta temporada a 10 de Outubro ser erigida uma lápide em homenagem a Ricardo Chilanga.

    Paulo Pereira destaca o “trato, simplicidade e bondade inacreditáveis de Ricardo Chibanga que embora radicado em Portugal teve sempre o seu Moçambique no coração”, mas refere-se também ao respeitável bandarilheiro moçambicano Carlos Mabunda e à arte insuperável do toureiro angolano José Luis Gonçalves, conhecido como “o morenito de Luanda”.

    Ricardo Chibanga deixou Lourenço Marques com 18 anos em 1962, na companhia do seu amigo Carlos Mabunga, que se tornou num respeitável bandarilheiro, a convite do empresário taurino Manuel dos Santos e ambos integraram a Escola de Tourada em Torres Vedras, Santarém, onde iniciaram a formação de toureiros.

    Ricardo Chibanga recebeu a “Alternativa” na Real Maestranza de Caballaria em Sevilha, Espanha a 15 de Agosto de 1971, esta é a cerimónia durante a qual o novieiro recebe a categoria de matador de touros, e que se designa “Alternativa” porque o toureiro alterna pela primeira vez com outros matadores de touros, o que é o auge da profissão na tauromaquia.

    Ricardo Chilanga ou “El Africano” o único matador de touros africano negro na história da tauromaquia, deu a volta ao mundo e era adulado em Moçambique, Angola, Portugal, Espanha e França, mas taureou também na Venezuela, México, Indonésia, China, Estados Unidos, Canadá e Macau onde toureou pela última vez em 1999.

    A sua estreia no Campo Pequeno, principal Praça de Touros de Lisboa ocorreu em 1965, com um traje emprestado pelo toureiro José Trincheira e saiu da praça em ombros, iniciando uma carreira que o levou a percorrer o mundo inteiro, mas a sua estreia como matador nesta mesma Praça deu-se a 19 de Agosto de 1971.

    Ricardo Chilanga abandonou as arenas no início dos anos 90 do século passado e tornou-se empresário, tendo comprado uma Praça de Touros desmontável com a qual promovia festejos taurinos por todo o país.

    Se foi Ricardo Chibango que escolheu a Golegã ou a cidade que o escolheu ninguém sabe, mas existe lá uma rua com o seu nome “Rua Ricardo Chilanga, Matador de Touros, Aluno da Escola de Toureio da Golegã”.

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