Cerca de meio milhão de cidadãos angolanos, entre crianças, jovens e adultos, é surda afirmou hoje (sexta-feira), o secretário de Estado para o ensino técnico profissional, Joaquim Baptista.
A surdez é uma deficiência que se apresenta aproximadamente em uma a três de cada mil pessoas no mundo, independentemente da cor da pele, sexo, idade ou zona geográfica, por várias causas.
O responsável, escreve a Angop, que discursava na abertura da Conferência de um dia sobre “Língua Gestual Angolana”, lamentou o facto de ser um grupo bastante considerável, que pode estar privado de benefícios na assimilação de conhecimentos, da cultura e de uma preparação para a vida, pela existência de barreiras na comunicação.
Acrescentando que por isso, sem sombra de dúvida, neste grupo populacional está concentrada a maior percentagem de pessoas analfabetas e com dificuldades para atingir uma integração e inserção social adequadas, sendo o género feminino o que apresenta maiores dificuldades.
Por essa razão, fez saber que o Executivo, através do Ministério da Educação iniciou, em Outubro de 2003, um estudo, desenvolvimento e uniformização da Língua Gestual em Angola, para evitar as interferências das Línguas Gestuais de outros países, criando assim, a Língua Gestual Angolana, a partir da qual os surdos, de Cabinda ao Cunene, começaram a ter uma língua de ensino uniforme e com professores formados.
Sendo já a Língua Gestual um facto em Angola, a comunicação com as pessoas surdas, implica a presença do intérprete bilateral, e da inserção destes profissionais nos estabelecimentos públicos e privados, onde se oferecem serviços tais como: centros de saúde, tribunais, esquadras de polícia, serviços sociais, agências empregadoras, entre outras.
“Este é ainda um desafio que temos pela frente, porque para haver um intérprete de Língua Gestual Angolana é necessário que os órgãos competentes reconheçam a mesma Língua como uma das Línguas Nacionais de Angola, e, desta forma, estarmos em condições de cumprir com as orientações do Decreto presidencial Nº 10/16, de 27 de Julho, que promulga a Lei das Acessibilidade”, referiu.
Por seu turno, Guilherme Ikuela, professor interprete, fez saber que as actividades de interprete não têm sido fiscalizadas o que faz com que, dos poucos existentes alguns sejam falsos.
A Conferência sobre “Língua Gestual Angolana” é uma organização da Escola Nacional de Administração, no âmbito da celebração do dia do surdo, comemorado a 30 de Setembro.
Sob o lema “Mãos que falam, olhos que ouvem”, o certame permitiu técnicos afectos a esta franja da sociedade analisarem a real situação dos mesmos.
Temas como: A importância do interprete bilateral da Língua Gestual , Constrangimentos e Desafios, bem como a Lei 10 /17 de 27 de Julho, foram abordados no evento.