Duas bases militares na região de Tombuctu, no norte do Mali, foram evacuadas a 17 de Agosto pelos militares da ONU e transferidas oficialmente aos militares do Mali. A decisão da retirada foi aprovada em Junho, no Conselho de Segurança da ONU, a pedido da junta militar no poder.
“A devolução formal [das bases] ao Estado do Mali simboliza o fim da presença da Minusma nas áreas em questão e das responsabilidades que lhe cabiam até agora”, explicou em comunicado a missão das Nações Unidas, tendo justificado esta retirada com “a deterioração da segurança” na região.
Um primeiro campo já tinha sido evacuado e o plano de retirada total terminará a 31 de Dezembro de 2023, com cerca de 13.300 soldados e polícias de uma dezena de nacionalidades a deixarem 13 bases militares deste país do Sahel. Até ao final do mês, a Minusma espera ainda deixar a base de Ménaka, no nordeste do Mali, numa operação que vai assinalar o fim da primeira fase de retirada.
Tensões entre militares, grupos terroristas e antiga rebelião Tuaregue
Esta zona do Mali conta com uma forte presença de grupos extremistas e o nível de insegurança é considerado elevado. Para além destas ameaças, outra problemática prende-se com as tensões entre o exército e a rebelião tuaregue que controla várias áreas nessa região.
A 13 de Agosto, a Minusma decidiu antecipar, por razões de segurança, a retirada da base de Ber, no norte. Nessa mesma retirada antecipada, quatro capacetes azuis da ONU ficaram feridos num ataque reivindicado pelo Grupo de Apoio para o Islão e os Muçulmanos (GSIM), ligado à Al-Qaeda.
O exército maliano afirmou ter recuperado a base de Ber “depois de vários incidentes” com os grupos “terroristas” e apesar das ambições locais da Coordenação de Movimentos de Azawad (CMA), a antiga rebelião tuaregue.
Na rede social X (antigamente Twitter), um responsável tuaregue da CMA, Attaye Ag Mohamed, escreveu que a Minusma deveria “simplesmente partir (de Ber) e não ceder” o campo militar a uma outra entidade. Num comunicado transmitido à agência France-Presse, Attaye Mohamed escreveu ainda que o exército maliano “pretende, custe o que custar, ocupar as bases da Minusma, incluindo aquelas situadas nas zonas sob o controlo da CMA”. A antiga rebelião Tuaregue controla várias áreas no norte do país.
A CMA critica os militares por terem criado uma nova Constituição, aprovada em Junho, que segundo eles compromete o acordo de paz de Argel de 2015. Nas últimas semanas, aos Tuaregues da CMA afirmam que a área de Ber foi palco de tensões envolvendo as suas forças contra o exército maliano juntamente com os seus aliados do grupo paramilitar russo Wagner.