O Irão denunciou nesta segunda-feira a “guerra económica” liderada pelos Estados Unidos contra o seu governo, advertindo que os que a lançaram não podem esperar “manterem-se em segurança”.
“Não se pode esperar que uma guerra económica contra o povo iraniano continue e que aqueles que a apoiam ou que a desencadearam permaneçam seguros”, disse o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, durante uma visita a Teerão do seu colega alemão, Heiko maas.
“As novas tensões na região são resultado da guerra económica contra o Irão na qual o próprio (presidente dos Estados Unidos Donald) Trump diz estar envolvido”, afirmou Zarif, referindo-se a campanha de “pressão máxima” americana contra o Irão, particularmente por meio de sanções económicas restabelecidas ou intensificadas desde 2018.
“A única maneira de reduzir a tensão na região é acabar com esta guerra económica”, acrescentou o ministro iraniano em coletiva de imprensa com Maas, depois de uma reunião a portas fechadas.
“A Alemanha e a União Europeia (UE) podem desempenhar um papel importante para reduzir essas tensões, e nós os apoiamos neste papel”, disse Zarif.
Neste contexto, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) afirmou nesta segunda que está “preocupada com a tensão crescente” envolvendo o programa nuclear iraniano, depois que Teerão afirmou que não respeitará alguns limites estabelecidos por um acordo internacional de 2015.
“Espero que maneiras possam ser encontradas para reduzir a tensão actual por meio do diálogo”, afirmou em um discurso Yukiya Amano, o director do organismo das Nações Unidas.
A 8 de Maio, o Irão anunciou que, após a reintrodução de sanções pelos Estados Unidos, não se sentia mais obrigado por certas restrições impostas no acordo de 2015, especialmente no que diz respeito a suas reservas de água pesada e enriquecido de urânio.
Um ano antes, o presidente americano Donald Trump anunciou a saída de seu país do acordo e voltou a impor sanções contra a República Islâmica.
Apesar da retirada dos Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China permanecem como parte do acordo.
“Como reiterei repetidamente, os compromissos assumidos pelo Irão no acordo de 2015 representam um progresso significativo para a verificação nuclear” e é, portanto, “essencial” que o Irão continue a respeitá-los, acrescentou Amano.
Com esse acordo, que deveria acalmar os temores da comunidade internacional sobre o acesso do Irão à bomba atómica, Teerão concordou em limitar drasticamente seu programa nuclear em troca de uma suspensão das sanções contra a sua economia.
Nesta segunda-feira, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, pediu ao governo do Irão que respeite o acordo internacional sobre seu programa nuclear e “mantenha o diálogo com a Europa”.
Maas fez a declaração antes de uma reunião de uma hora com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, que no domingo afirmou que os europeus “são os menos indicados para criticar o Irão”.
O governo iraniano reclama que os europeus não cumpriram os compromissos assumidos no acordo internacional sobre seu programa nuclear de 2015.
Maas afirmou aos jornalistas que o pacto é “de importância capital” para a Europa.
“Não queremos que o Irão tenha armas nucleares”, disse.
“Ao lado da Alemanha e da União Europeia temos um objectivo comum: conservar (o acordo nuclear), encerrar as tensões e os conflitos na região e permitir ao povo iraniano que se beneficie dos efeitos económicos do acordo”, declarou Zarif após a reunião.
Após a saída de Washington, Teerão ameaçou deixar de cumprir progressivamente o acordo, a não ser que os demais sócios, em particular os europeus, ajudem o país a evitar as novas sanções económicas.
O Irão deu prazo de dois meses aos europeus, chineses e russos para concretizar os seus compromissos, em particular nos setores petroleiro e bancário.