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    Inovações incrementais

    J. CARLOS  SILVA Economista
    J. CARLOS SILVA
    Economista

    Mesmo que a estabilidade e a rotina sejam objectivos fixa­dos por agentes económicos “normais”, o capitalismo é marcado por mudanças brus­cas que se manifestam na forma de produ­zir, comercializar e distribuir os bens e os padrões de consumo.

    Qual seria, de facto, a motivação para os agentes transgredirem a rotina (?), por que razão os mercados se tor­nam instáveis (?) ou por que motivos acon­tecem os ciclos (?). São apenas algumas das muitas questões que se poderiam levantar, a propósito. Procura por mais lucros, ou por diferenciação de desempenho das entidades económicas e governativas encontram na tecnologia a sua principal fonte, pois consti­tuem mudanças e podem ser incrementais, ou radicais (descontínuas), dependendo ape­nas do sector económico a considerar.

    Por vezes, essas mudanças têm um impacto tão abrangente que alteram o próprio sentido em que a sociedade se organiza. E quando isso ocorre, corporizam mudanças de para­digma. Contudo, mudanças tecnológicas não afectam apenas a economia. Provocam transformações por vezes mais profundas, tanto nas instituições, como na maneira como os homens controlam o próprio pro­cesso produtivo.

    Especialistas defendem que a inovação tecnológica é um dos elementos mais críticos de mudança, tanto nas rela­ções de produção, como sociais e institucio­nais. Para estes, inovar não é simplesmente criar algo tecnologicamente novo, mas dar um destino económico para uma nova ideia, que pode representar, ou não, o resultado de um invento genuíno. A invenção assume apenas uma maior relevância económica quando se transforma em inovação.

    Existem na literatura económica várias formas de inovação, sendo as principais as seguintes: o produto, o processo, a abertura de novos mercados e a criação de novas for­mas de comercialização de bens e serviços. Em muitas situações, inovações de produ­tos exigem que os consumidores sejam (re)educados, para tornar possível o consumo efectivo dos novos bens.

    Outra consequên­cia das inovações tecnológicas (incremen­tais, ou radicais) consiste em modificar a forma, segundo a qual se obtém o pro­duto de uma economia. As inovações de processo afectam a forma de combinação dos factores de produção pelos agentes económicos, porque o processo que marca o desenvolvimento é também uma reali­zação de novas combinações.

    Logo, se os factores de produção forem plenamente empregues no seu uso habitual, a reali­zação de novas combinações significará retirá-los dos seus usos/empregos antigos, direccionando-os às novas combinações. A abertura de novos mercados e a criação de novas formas de comercialização de produ­tos podem também ser resultados do pro­gresso técnico. Entretanto, nem todas as inovações têm força e mérito para trans­formar uma realidade económica e social concreta.

    Isoladamente, não têm condi­ções para gerar grandes impactos sobre a estrutura económica e social. No mundo moderno, tomemos as inovações basea­das na micro-electrónica como exemplos de inovação revolucionária, que detém a força de transformar a realidade econó­mica e social. O surgimento deste tipo de inovações, nas duas últimas décadas, sobre­tudo, ligadas ao surgimento e introdução dos semi-condutores e circuitos integrados revolucionou, radicalmente, todos os secto­res da economia.

    É um exemplo fidedigno de inovação tecnológica, associado à emer­gência do advento de um paradigma novo, extremamente poderoso, baseado no que se convencionou chamar de “tecnologia da informação”. Define-se, exactamente, pelo poder de penetrar, por capilaridade, em todos os segmentos produtivos e de consumo das sociedades modernas, par­ticularmente, após o advento da internet, dos novos meios, tecnologias de telecomu­nicações e informação.

    O paradigma tecnológico tende a pre­dominar sobre as formas mais antigas de produção e/ou sobre uma geração mais madura de produtos. É mesmo possível que tenha convivência com um outro para­digma, porém, a tendência é de um predo­minar sobre o outro. Em termos mercantis, isto traduz-se em mercados com diferentes ritmos de crescimento e dinamismo, mas, em termos sociais, pode mudar de forma substancial os mercados, a localização de sistemas produtivos, o padrão de reprodu­ção da força de trabalho e até as condições de vida da população.

    O papel do Governo na sociedade tem sido debatido desde os tempos remotos. Reza a história que mesmo nas sociedades mais tradicionais a sua intervenção não era vista com bons olhos.

    Mas, à medida que as sociedades somavam avanços, as preocupações com as pessoas aumentavam, aparecendo assim as diferentes formas de descriminação social dos indivíduos.

    O fosso de desiguladade existente entre a camada pobre e a rica e a má distribuição dos rendimentos levam os governos a redefinirem medidas próprias com vista a equilibrarem a balança da justiça social.

    Assim, o papel do Governo expandiu-se continuamente, regulando os monopólios, cobrando impostos sobre o rendimento, começando a assegurar a segurança social dos idosos, desempregados e, sobretudo, dos pobres, chamando a esse sistema Estado Providência.

    Neste novo sistema, os mercados comandam as actividades económicas diárias específicas, enquanto os governos regulam as condições sociais e proporcionam pensões, cuidados de saúde e outros apoios às famílias pobres.

    Hoje, todas as sociedades tomam medidas para ajudar os seus cidadãos.Mas o que é dado aos pobres tem de vir de outros grupos e esse é indubitavelmente o ponto mais contestado dos programas redistribuitivos.

    Os primeiros economistas clássicos pensavam que a distribuição do rendimento era imutável e argumentavam que as tentativas para aliviar a pobreza com intervenções governamentais na economia eram esforços inglórios que acabariam simplesmente por reduzir o rendimento total.

    Assim, no final do século XIX, os dirigentes políticos da Europa Ocidental tomaram medidas que constituíram uma viragem histórica no papel económico do Governo, introduzindo assim um novo conceito de responsabilidade deste quanto ao bem-estar da população.

    Nas medidas importantes desse programa, incluem-se pensões, seguros de acidente e de doença, subsídio de desemprego, seguro de saúde, programas de alimentação e habitação, abono de família e suplementos ao rendimento de certos gupos de individuos.

    Essas políticas foram aplicadas gradualmente desde 1980 e hoje são implementadas em todas as economias do mundo.

    Em Angola, a criação muito recetemente da agência de regulação e supervisão de seguros vem demonstrar a preocupação que o Executivo tem para a melhoria do bem-estar e social dos cidadãos no período de reforma.

    Este instrumento foi criado muna altura em que o Estado de Angola começa cada vez mais a reconhecer o papel do homem na sociedade, enquanto principal força para a transformação de um país.

    O surgimento em Angola de seguradoras com planos de fundo de pensões é uma demonstração de que a sociedade está a ganhar consciência de que é preciso poupar para ter dinheiro no futuro. Mas muitos cidadãos já começam a constituir as suas carteiras de activos para garantir uma reforma tranquila. (Jornal de Economia & Finanças)

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