O historial do reino do Bailundo, localizado a 75 quilómetros da cidade do Huambo, foi contado hoje aos jovens da província de Cabinda , durante uma visita que efectuaram à Ombala Mbalundo, no âmbito de uma excursão à região.
Antes de entrar no local, os jovens de Cabinda envolvidos no programa “Vamos conhecer Angola”, implementado pelo Movimento Nacional Espontâneo (MNE), cumpriram alguns rituais de acesso, entre os quais a unção da mão direita e da perna esquerda com folha de “elimbui” embaladas em óleo de palma.
Durante a visita ao reino, os 191 excursionistas chefiados pelo secretário do Movimento Nacional Espontâneo na província de Cabinda, José Cumbo, receberam do rei Ekuikui V explicações detalhadas sobre a história da identidade cultural do povo Ovimbundu.
Ao contar a história, o soberano do Bailundo, Ekuikui V disse que o reino foi fundando no século XV pelo rei Katyavala I, que vindo das terras do Cuanza Sul com a sua família, habitou nas cercanias das montanhas de Halavala, onde actualmente jazem os restos mortais dos reis Katyavala (fundador), Ekuikui II e IV.
Disse que antes do Século XVII, o reinado manteve-se à margem do domínio colonial. Só por volta de 1770/71 é que Portugal se instalou no Reino do Bailundo com a presença de um juíz. Em (1885) a colónia portuguesa já estava representada no reino com um capitão-mor.
Nesse mesmo ano foi criado o Posto do Bimbe, a 16 de Julho, passando então a denominar-se Katapi e posteriormente Vila Teixeira da Silva.
O rei do Bailundo, Ekuikui V explicou que funcionam na Ombala Mbalundo 35 sobas, dos quais oito permanentes, que residem no local tradicional, enquanto os demais cumprem outras funções de acordo com sua linhagem familiar.
Na ocasião, o soberano adiantou que diariamente são julgados na corte vários litígios relacionados com usurpação de terrenos, dívidas, violações sexuais, fuga à paternidade e casos de acidentes rodoviários.
Sobre os rituais para a entronização de um rei, o soberano explicou que a cerimónia começa com a escolha de um membro da linhagem do antecessor e depois de eleito o mesmo acende o fogo, chamado na língua nacional umbundu de “Okuchakanla Otchiyocola”, antecedido por um acto de pedido e apresentação à família como acontece com as noivas.
Depois do acto de apresentação à família, de acordo com o rei Ekuikui V, o ritual reserva o abate de, pelo menos, cinco cabeças de gado bovino, bem como a presença no local da entronização de bebidas quentes e espirituais, além da quissângua, numa cerimónia organizada pelos 35 membros da corte da Ombala Mbalundu.
Desde a fundação do Reino do Bailundo foram soberanos os reis Katiavala I, Jahulo I, Samandalu, Tchingui I, Tchingui II, Ekuikui I, Numa I, Hundungulo I, Tchissende I, Jungulo, Ngundji, Tchivukuvuku Tchama Tchongonga, Utondossi, Bonji, Bongue, Tchissende II, Vassovava e Katiavala II.
Ekongoliohombo, Ekuikui II, Numa II, Moma, Kangovi, Hundungulo II, Mutu Ya Kevela (vice-rei), Tchissende III, Jahulo II, Mussitu, Tchinendele, Kapoko, Numa II, Pessela Tchongolola e Ekuikui III Ekuikui IV, reinaram igualmente o Bailundo. Ekuikui V é o actual soberano.
Na província do Huambo, situada no planalto central de Angola existem cinco reinos, designadamente o reino do Huambo, Chiaka, Sambo, Bailundo e do Chingolo. (portalangop.co.ao)