Marca está na mira das autoridades italianas que realizaram buscas nos escritórios de Milão e Florença.
Faturava em Itália, mas pagava os impostos da Suíça. A Gucci está a ser acusada de evasão fiscal e terá tido, nos últimos dias, buscas policiais nos seus escritórios de Milão e Florença. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal italiano La Stampa, que se baseou nas declarações de um antigo executivo da marca, que pertence ao grupo de bens de luxo francês Kering. A fonte, que pediu anonimato, indicou que as buscas teriam acontecido ao longo da semana passada.
Em causa estarão vários anos de trabalho, vendas e negócios a ocorrerem em Itália, mas a serem resgistados oficialmente na Suíça, com uma política fiscal mais apelativa. A publicação avança que o valor da evasão poderá atingir os 1300 mil milhões de euros. “A Gucci confirm que está em total colaboração com as autoridades e está confiante acerca da retidão e transparência das suas operações,” indicou a empresa em comunicado.
A marca de luxo não é a primeira a estar na mira das autoridades italianas por fuga ao fisco. O Ministério Público do país tinha já conseguido recuperar, em 2013, 470 milhões de euros de impostos junto da Prada, que durante uma década esteve a declarar as operações de Itália em Hong Kong. Também a Dolce Gabanna chegou a ter que responder nos tribunais italianos por evasão fiscal. Neste caso, o país onde a marca estaria a registar os seus negócios seria o Luxemburgo. O processo arrastou-se por vários anos, terminando em 2016, com os designers Domenico Dolce e Stefano Gabbana a serem considerados inocentes.
Mas as investigações das Finanças em Itália não abrangem apenas o mundo da moda. Os gigantes tecnológicos também não escapam às investigações das autoridades do país, que já arrecadaram 3016 milhões de euros à Google e 318 à Apple por operações registadas na Irlanda. Apesar das buscas policiais à Gucci, a casa mãe da marca manteve uma boa performance nos mercados financeiros, arrancando esta semana com as ações a valorizarem 0,96% em relação a sexta-feira na bolsa de Paris.
As operações da Gucci representam cerca de 40% nos resultados da Kering, que detém ainda marcas como Yves Saint Laurent, Alexander McQueen e Balenciaga, entre outras. No terceiro trimestre de 2017, a Gucci registou uma subida de quase 50% nas vendas, no valor de 1,5 mil milhões de euros. (Dinheiro Vivo)