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    Grupo Kilandukilu – a expressão máxima da dança tradicional em Angola

    O grupo Kilandukilu é a força da dança tradicional angolana e maior referência no mercado nacional. Com rodagem e créditos firmados no mercado nacional e internacional, o colectivo tem sido o cartão de visita das danças folclóricas angolanas além-fronteiras, deixando em palco o cheiro e o traço da cultura nacional. E por que se assinala a 29 deste o Dia Mundial da Dança, nunca é demais percorrer os bastidores do conjunto mais mediático do país nesse segmento.

    Com mais de 30 anos de percurso na caminhada pela divulgação, valorização e preservação da dança tradicional, o grupo tem apostado num sistema de formação, por via de oficinas, para garantir a continuidade e a excelência em termos de qualidade do trabalho apresentado ao público.

    De Angola para o exterior do país, o grupo, considerado baluarte das raízes tradicionais no que a dança diz respeito, não vira costas ao seu projecto inicial e a sua aposta na dinamização da cultura, lutando, muitas vezes, contra a adversidade e os empecilhos.

    Adequando-se a espectáculos de dança tradicional dos mais variados estilos, o Kilandukilu é consagrado hoje Ballet Tradicional, fruto de longos anos de trabalho e também pela evolução que a dança tem vindo registar. Ao som do Ngoma “Batuque”, apitos, reco-reco e outros instrumentos tradicionais, leva ao palco uma viagem do passado ao presente, retratando o quotidiano das vilas angolanas e hoje sobre as sociedades modernas, destacando o papel da intervenção social.

    E numa sociedade onde a preferência vai para a vertente musical, facto comprovado com os apoios que os músicos recebem dos empresários para a realização de espectáculos e produção de discos, em contraste com o que se passa em outras modalidades, particularmente na dança, o Kilamdukilu não dá tréguas e tem-se virado para um trabalho profundo de investigação, que o levou à conquista de vários troféus dentro e fora do país, chegando mesmo a não ter concorrência nos palcos africanos.

    “Hoje e cada vez mais os apoios não existem. Só para ter ideia, ainda temos dívidas contraídas com o último espectáculo que fizemos em 2014 no Cine Tropical. Embora exista mercado artístico para a dança, os espectáculos têm sido cada vez mais escassos e muitas vezes quando somos solicitados é sempre ou quase sempre como segundo plano”, conta à Angop, Maneco Vieira Dias, director artístico do grupo.

    A falta de salas, os custos elevados para a realização de shows, só para citar estes, são alguns dos factores que muitas vezes inviabiliza vários projectos. “Resumindo, neste momento, o período não tem sido dos melhores, porque há cada vez menos incentivos para a prática desta modalidade artística, sem falar da crise que, tal como nos outros sectores, também o sector cultural foi afectado. Ainda assim, pensamos que deveria haver um maior reconhecimento aqueles que, não obstante todas adversidades, vem se mantendo e produzindo um trabalho digno”, refere.

    Orgulhoso com o trabalho desenvolvido, Maneco Vieira Dias adianta que a dança angolana (algumas delas) tem uma divulgação bastante considerável, podendo mesmo ser citado o exemplo da kizomba no mundo. Fruto da sua expansão, o grupo conta actualmente com dois núcleos, respectivamente, em Lisboa (Portugal) e no Uíge, que têm feito as delícias dos amantes das danças tradicionais e que resultam da aposta da pesquisa e na miscelânea entre a modernidade e o tradicional.

    Surgimento do grupo

    A palavra Kilandukilu significa divertimento, na língua nacional kimbundo, e nasceu como um pequeno grupo de jovens amantes da arte, em especial a dança e a música folclórica, no dia 15 de Março de 1984.

    O colectivo tem como objectivos a pesquisa, recolha e estudos das manifestações culturais do povo angolano, dança folclórica de Angola, rituais fúnebres e guerreiras, bem como recreativas e de salão, sem esquecer a contemporânea africana e a música folclórica. O Ballet Kilandukilu nasceu no bairro Maculusso, em Luanda, com a designação inicial de Grupo Experimental de Dança Tradicional Kilandukilu.

    Prémios e homenagens

    Tem no currículo vários prémios e homenagens, com destaque para o 1º lugar no festival provincial para trabalhadores, em 1984, Luanda, prémio Revelação, agraciado pela UNAC S.A. em 1996, e Cidade de Luanda, agraciado pelo Governo da Província de Luanda, Prémio Identidade em 1998, pela UNAC S.A- União Nacional dos Artistas e Compositores – Prémio referente ao melhor grupo, Melhor Ballet Tradicional de Dança Africana na VII Gala da Rádio Clube de Leiria/Portugal, em 1999.

    Venceu ainda o 8º Festival Internacional de Dança e Música Folclórica em Roodepoort/África do Sul (1995), nesta ocasião foi considerado o melhor grupo Africano, Prémio de melhor grupo de dança tradicional angolana, na gala do 2º aniversário da Revista Tropical, Prémio Prestigio, em Lisboa Abril/08, Embaixador do Cocan 2010, Troféu Carreira Moda Luanda 2010, Prémio Nacional de Cultura e Artes na disciplina de Dança 2011, outorgado pelo Governo angolano.

    O grupo foi homenageado pelos Embaixadores Africanos por ocasião da gala em alusão ao 25 Maio 2011, Dia de África, realizada em Abu Dhabi (EAU), Diploma de Mérito, pela Comissão Administrativa de Luanda 2014, por ocasião do 438º aniversário da cidade. Hoje o Kilandukilu está dividido em 3 num só, funcionando uma parte em Luanda, um núcleo no Uíge, denominado Nkembo Kilandukilu, e uma parte em Portugal.

    Mais recentemente foi convidado e já está a desenvolver um projecto no Recife (Brasil), em parceria com uma organização não-governamental denominada Pés no Chão, cuja essência é de retirar crianças da rua e inseri-las em projectos sócio-culturais.

    Participações em eventos

    O grupo já participou em vários certames nacionais e internacionais, com destaque para países como Portugal, Alemanha, Suécia, Polónia, África do Sul, Zimbabwe, Marrocos, Brasil, Cuba, Costa Rica, Nicarágua, Índia, Corea do Norte, Singapura, Japão, Espanha, Itália, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Israel, Coreia do Sul, França, Argentina e Turquia.

    Instrumentos que usa

    Batuque, mondó, ngongue, puita, ngaietas, djembés, reco-reco, bate-bate (bambu), apitos, marimbas, flauta, sacos plásticos, shocalhos, banheiras, dum-dum, pedrinhas, garrafas e outros efeitos sonoros como água, vento da boca, assobios.

    Algumas danças

    N’golo (Força) Dança Cazukuta/Xinguilamento Yma Yetu (Nossas Coisas) Tchianda Dança do Galo Ohamba (Rei) (ANGOP)

    por Venceslau Mateus

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