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    França: Governo rejeita generalizações sobre atuação da polícia

    Quinta noite consecutiva de distúrbios em França resultou na detenção de pelo menos 719 pessoas. Chanceler alemão diz-se preocupado com continuação dos tumultos no país.

    O Governo francês pediu, este domingo (02.07), para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa, na sequência do caso da morte, terça-feira, do jovem Nahel numa “operação stop”, e garantiu que, em caso de abuso, a justiça investigará.

    “É preciso ter cuidado para não se fazerem generalizações com base numa situação específica. Esta é a mensagem, penso eu, que as nossas forças de segurança que estão mobilizadas no terreno precisam de ouvir”, defendeu o Governo francês, segundo declarações do porta-voz do executivo, Olivier Véran, ao canal público FranceInfo.

    Questionado sobre o uso da força pelas forças de segurança, especialmente desde uma alteração legal que alargou os usos justificados de armas em 2017, o porta-voz do governo sublinhou que a justiça está a funcionar.

    “Onde houve falhas, onde foi excessivo, onde foi inapropriado, há uma investigação da Inspeção-Geral e a justiça está lá”, argumentou Véran.

    A mesma posição já tinha sido sublinhada na sexta-feira pelo governo de Emmanuel Macron, depois de ter sido censurado pelo Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, que apelou a que se abordassem seriamente “os profundos problemas de racismo e discriminação” das forças da ordem, algo que Paris rejeitou liminarmente.

    719 detenções no sábado

    Este sábado (02.07), quinta noite consecutiva de distúrbios no país, foram detidas pelo menos 719 pessoas e 45 polícias ficaram feridos.

    Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para hoje foi mais calma que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.

    Entre os incidentes registados na noite de sábado para hoje, reportou a agência noticiosa France-Presse (AFP), está um ataque à residência do presidente de câmara de l’Hay-les-Roses, uma pequena cidade da região parisiense, perpetrado por “desordeiros”, que provocou ferimentos na mulher e num dos dois filhos menores.

    Em declarações, este domingo, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, condenou este ataque, em particular, qualificando-o de “chocante”.

    “Vamos fazer de tudo para repor a ordem o mais rapidamente possível”, declarou Borne durante uma visita a l’Hay-les-Roses, onde se encontrou com o presidente da câmara Vincent Jeanbrun.

    Scholz preocupado

    O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou-se, este domingo (02.07), preocupado com a continuação dos tumultos em França, que já levaram ao cancelamento da visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, à Alemanha, que deveria iniciar-se hoje.

    “Temos laços de amizade com França e somos uma dupla para garantir que a União Europeia, tão importante para o nosso futuro, funcione bem, e é por isso que observamos com preocupação” o que se passa no país, disse Scholz em entrevista ao canal público da televisão alemã ARD.

    O chanceler alemão declarou-se “totalmente convicto” de que Macron “encontrará os meios para que a situação melhore rapidamente”.

    Visita cancelada

    Emmanuel Macron devia iniciar, este domingo, uma vista de Estado à Alemanha para relançar as relações entre os dois países, que têm posições opostas em vários dossiers, como acontece em matéria de Defesa, energia e disciplina orçamental na Europa. A visita foi adiada devido aos tumultos em França.

    Nahel, um jovem de 17 anos, de ascendência árabe, foi vítima de um disparo mortal por parte de um polícia, na terça-feira, 27 de junho, quando tentava fugir de um posto de controlo de trânsito, em Nanterre, nos arreadores de Paris.

    As imagens em que o jovem francês recebe um disparo mortal por parte de um polícia, registadas por testemunhas, provocaram uma forte indignação em França, o que culminou em protestos nas ruas, principalmente nos bairros sociais das grandes cidades e na região metropolitana de Paris.

    Os confrontos em França contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, desde então, têm-se registado diariamente com milhares de pessoas nas ruas.

    As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.

    O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.

    Por LUDSA/RL

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    FonteDW

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