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    Fernando Haddad, a aposta de Lula para a Fazenda, vista com receio pelo mercado

    Fernando Haddad, anunciado nesta sexta-feira (9) como futuro ministro da Fazenda a partir de janeiro, é considerado o herdeiro político do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sua orientação esquerdista é vista com receio pelo mercado.

    Haddad, de 59 anos, foi ministro da Educação entre 2005 e 2012, prefeito de São Paulo entre 2013 e 2017 e candidato à presidência em 2018, quando foi derrotado por Jair Bolsonaro.

    Dias atrás, a possível nomeação deste professor de Ciências Políticas fez a Bolsa de São Paulo cair e o dólar subir.

    Haddad “representa uma política econômica heterodoxa defendida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula”, comentou à AFP Antônio Madeira, economista da MCM Consultores.

    A expectativa é que promova “um aumento do gasto público (…) e um Estado maior com um papel importante das empresas públicas”, descreveu Madeira.

    Em contrapartida, o mercado desejava uma figura autônoma que defendesse a responsabilidade fiscal para manter a economia saudável: um aumento excessivo dos gastos aumentaria a dívida e a inflação, alertam analistas.

    O Senado aprovou esta semana uma emenda constitucional que permitirá cumprir a promessa de campanha de Lula de manter o auxílio emergencial durante os dois primeiros anos do governo, com a liberação de R$ 145 bilhões acima do teto de gastos.

    – Derrotas eleitorais –

    Haddad foi candidato ao governo de São Paulo nas eleições de outubro. Mas Tarcísio de Freitas, o candidato de Bolsonaro, frustrou sua ambição no segundo turno (55%-45%).

    Lula, porém, agradeceu calorosamente ao ex-prefeito pelo apoio durante seu discurso da vitória no segundo turno, em 30 de outubro.

    “A campanha do Haddad foi fundamental para chegarmos até aqui”, disse o presidente eleito e ex-presidente (2003-2010).

    No estado de São Paulo, Lula superou as expectativas, com 45% de apoio.

    Há quatro anos, Haddad, filho de imigrantes libaneses, foi indicado para concorrer à Presidência apenas três semanas antes da eleição, depois que Lula se tornou inelegível devido a condenações por corrupção, posteriormente anuladas.

    Haddad, pouco conhecido na época, conseguiu um resultado respeitável no primeiro turno: “Ninguém acreditava que eu iria para o segundo turno. Consegui 29% (…) Fizemos um bom trabalho”, disse à AFP na ocasião o então candidato, que começou a disputa com apenas 4% de apoio.

    No segundo turno, obteve 45% contra Bolsonaro, que venceu as eleições com 55%.

    – Serenidade –

    Advogado de formação, com mestrado em economia e doutorado em filosofia, Haddad é visto como um intelectual.

    Sorridente, afável, com cabelos castanhos cuidadosamente penteados e levemente grisalhos, às vezes é apelidado de “Haddad tranquilão” por sua serenidade.

    “Não sou uma pessoa ansiosa, espero que as coisas aconteçam para tomar minhas decisões. Sou um ser político”, disse ao jornal espanhol El País no fim de 2016.

    Haddad passou a maior parte de sua carreira política à sombra de Lula, que o nomeou ministro da Educação em 2005.

    Em 2012, esse pai de dois filhos, casado há 30 anos com uma dentista, recebeu o apoio decisivo de Lula para se tornar prefeito de São Paulo.

    Quatro anos depois, fracassou ao tentar a reeleição, recebendo apenas 17% dos votos.

    O PT sofreu, então, uma grande derrota nas eleições municipais, meses após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (2011-2016) por maquiar as contas públicas.

    Haddad foi processado por suspeita de corrupção durante sua campanha de 2012, mas acabou sendo absolvido em 2019.

    AFP

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