Bill Clinton e Barack Obama em cerimónia que marca 50 anos da morte de JFK, no meio de grande especulação sobre candidatura de Hillary Clinton à presidência em 2016.
Os Obamas e os Clinton, os casais políticos mais poderosos da América, foram juntos ao cemitério de Arlington, em Washington, prestar homenagem ao Presidente John Fitzgerald Kennedy (JFK), morto a 22 de Novembro de 1963.
Foi uma homenagem e uma espécie de “dança dinástica”, dizem os analistas. Esta romaria ao túmulo do Presidente ícone da América serviu para que Bill Clinton, um dos 16 galardoados este ano com a Medalha da Liberdade – uma distinção instituída por Kennedy – possa dar a Barack Obama uma mão para sair do atoleiro em que o fiasco da execução da reforma da saúde deixou a sua presidência. E ao mesmo tempo, a cerimónia em que Obamas e Clintons surgem juntos a homenagear Kennedy oferece a Hillary Clinton o que parece ser uma legitimidade de herdeira, num momento em que a especulação sobre a sua possível candidatura à presidência em 2006 está nos píncaros. Por isso o site The Daily Beast titulava o texto sobre a cerimónia “Três Presidentes?”
A Casa Branca quis evocar JFK com a entrega das Medalhas da Liberdade, para recordar a sua vida e a não o seu assassínio, a tiro, em Dallas por Lee Harvey Oswald. Os galardoados deste ano, além de Bill Clinton – premiado pelo trabalho da sua Clinton Global Initiative, um projecto da sua Fundação – , incluem a apresentadora de talk-shows televisivos Oprah Winfrey, o ex-director executivo do Washington Post Benjamin Bradley – que estava a trabalhar quando foi o escândalo do Watergate, por exemplo – ou, a título póstumo, Sally Ride, a primeira mulher norte-americana a ir ao espaço.
Na cerimónia no cemitério de Arlington não foram pronunciados quaisquer discursos. As que Obama disse a Clinton, quando lhe colocou ao pescoço a Medalha da Liberdade, foram de reconhecimento: “Estou agradecido, Bill, pelos conselhos que me deste, tanto no campo de golfe como fora dele”, disse-lhe, aludindo a um livro publicado recentemente em que é revelado que o Presidente em exercício gosta do seu companheiro de golfe só “em pequenas doses”.
A relação entre os dois Presidentes não é fácil – e entre eles há também a questão JFK. Bill Clinton faz remontar o seu interesse pela política a uma visita à Casa Branca em 1963, quatro meses antes de Kennedy ter sido assassinado, quando o então jovem Bill teve a oportunidade de apertar a mão do Presidente. E Obama, o Presidente eleito com a palavra de ordem da mudança, foi apoiado pela família Kennedy, por Caroline (filha de JFK) e por Edward Kennedy (irmão) nas primárias do Partido Democrata em 2008, em detrimento de Hillary Clinton.
Sem declarar que é candidata a suceder a Barack Obama, Hillary Clinton tornou-se imediatamente na favorita a seguir-lhe as pisadas, logo após ter abandonado a secretaria de Estado. Nos últimos tempos, a especulação sobre as suas intenções eleitorais tem crescido exponencialmente – já se está a formar até um grande “super PAC”, reunindo vários outros que apoiaram Hillary nas eleições de 2008, como o Emily’s List. Estes comités de acção política (PAC, em inglês) reúnem doações para campanhas políticas a favor de determinados candidatos ou leis sem estarem directamente ligados aos candidatos. Por isso, estes super-PAC não têm limites no que podem gastar nas campanhas políticas. (publico.pt)