O secretário de Estado americano, John Kerry, iniciou neste domingo (22) um giro em países aliados para avaliar apoios e discutir respostas à ofensiva dos jihadistas no Iraque. Em uma escala surpresa no Egito, Kerry afirmou que a transição democrática naquele país enfrenta “um momento crítico”.
Kerry quer obter garantias do novo presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, de que o principal aliado árabe do governo americano no Oriente Médio está de fato comprometido com um processo de democratização do país. Sissi foi eleito em Maio com 96,9% dos votos, depois de eliminar da cena política a oposição islâmica, laica e liberal.
Ontem, um tribunal egípcio condenou à morte 183 partidários do presidente deposto Mohamed Mursi, incluindo o chefe da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie. Washington considera que a dureza com que o poder central reprime a oposição divide a sociedade egípcia e ameaça o processo democrático. Mesmo assim, os Estados Unidos desbloquearam esta semana um terço dos créditos de ajuda militar ao Egipto. O programa de US$ 1,5 bilhão tinha sido congelado após o golpe militar contra Mursi.
Questões regionais
O Egipto é o único país árabe, junto com a Jordânia, a ter assinado um tratado de paz com Israel. O país também ocupa uma posição estratégica na região e é um aliado de longa data dos Estados Unidos.
O porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, disse que nas conversas com as autoridades egípcias, Kerry também evocou a violência no Iraque, na Síria, na Líbia, o conflito israelo-palestino e a ameaça crescente do terrorismo islâmico, em franca expansão na região.
O ministro das Relações Exteriores do Egipto, Sameh Shoukry, afirmou ter mantido uma “discussão frutífera” com Kerry, cujo giro diplomático é muito importante “para o Egipto, mas também dada a situação regional”.
A missão de Kerry vai levá-lo a Amã, Bruxelas e Paris. O ponto central da agenda é reunir forças para lutar contra a ofensiva jihadistas do grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que conquistou uma extensa área no norte do Iraque e ameaça toda a região. (rfi.fr)