Os órgãos de comunicação social angolanos, sobretudo os estatais, voltaram a ser criticados, desta vez por Filomeno Vieira Dias, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), que afirma que os mesmos “não tiveram uma actuação igualitária” durante a campanha eleitoral.
É unânime, mesmo por parte dos observadores internacionais que chegaram apenas dois dias antes das eleições, não houve um tratamento igualitário nesta campanha, não houve igualdade de oportunidade. Houve por parte de alguns órgãos, sobretudo os estatais, o privilegiar de uma candidatura que vocês conhecem”, disse.
O presidente da CEAST e também arcebispo de Luanda, que proferiu declarações à margem da apresentação da Nota Pastoral sobre as eleições gerais de 23 de Agosto, salientou que a “pluralidade e o equilíbrio informativo manifestado por outros órgãos” faltaram aos órgãos de comunicação social estatais.
“Deve haver por parte de todos um esforço real de serem aqueles que procuram ser veículos de transmissão da verdade. O jornalista não é um activista”, assinalou.
O arcebispo de Luanda não deixou de elogiar também algumas acções desenvolvidas pelos órgãos de comunicação social durante a campanha eleitoral: “Deram qualidade ao acto e ao processo eleitoral, ajudaram as pessoas a refletir sobre determinadas situações, em muitos casos alertando para determinadas situações pontuais e sobre isso devemos congratular-nos”, referiu.
De lembrar que também os observadores da União Africana deixou críticas à cobertura feita pelos órgãos de informação públicos. José Maria Neves, que liderou a comitiva, recomendou mesmo ao Governo “o reforço do órgão regulador da comunicação social de modo a garantir o acesso e a cobertura equitativos de todos os partidos políticos e candidatos nos meios públicos de comunicação social”, bem como “medidas que estimulem uma maior representação política das mulheres, jovens e grupos minoritários” no processo eleitoral.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) já tinha também avaliado negativamente os órgãos de comunicação social que, segundo o secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, “tiveram uma actuação desequilibrada e parcial a favor do MPLA” durante a campanha eleitoral e que por isso “não cumpriram o seu papel”. (Novo Jornal Online)