Em Abril, contas mil. Devia ser assim em Angola, mas não é. De acordo com o calendário económico, em Março decorrem as assembleias gerais de accionistas das empresas organizadas sob a forma de sociedades anónimas.
O que quer dizer que, em Abril, estão em condições de apresentar publicamente os resultados da sua actividade. Não sou perito em direito das sociedades, mas julgo que, em geral, a lei não obriga à divulgação pública de contas, apenas ao seu depósito na Conservatória de Registo Comercial. A excepção que confirma a regra são os bancos, a quem é exigido que publiquem o balancete num jornal de grande circulação.
Esta é a ideia que tenho. À hora a que escrevo, não tenho como confirmar junto de nenhuma fonte, incluindo o Google, nos dias que correm a mãe de todas as fontes. O facto de as empresas não serem obrigadas a divulgar publicamente as contas respectivas não quer dizer que não o devessem fazer e, de preferência, em conferência de imprensa.
O tempo em que as empresas apenas deviam satisfações aos accionistas já passou. Nas sociedades modernas, as empresas também são responsáveis perante os seus stakeholders, isto é todos aqueles que com elas se relacionam desde os trabalhadores aos clientes, passando pelos fornecedores e as próprias comunidades em que se inserem. Em Angola, os stakeholders não contam.
Contam-se pelos dedos de uma mão as sociedades que divulgam publicamente as contas. Que me lembre, este ano, apenas a Sonangol, a Nossa Seguros, o BAI, o BIC e a ENSA se deram ao trabalho de o fazer. Embora a qualidade da informação prestada deixe muito a desejar, não posso deixar de saudar o gesto de reconhecimento da importância dos stakeholders. As outras estão-se a borrifar… e os seus accionistas e gestores ainda falam do Estado
PS – Devido às férias do Francisco de Andrade, meu chefe de redacção adjunto e habitual titular deste espaço, calha-me a mim substituí-lo. Por isso esta semana e, provavelmente, na próxima não há 100 makas. Sem makas, yá? (expansao)