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    Donald Trump retira Estados Unidos do Acordo de Paris

    Presidente norte-americano concretiza ameaça e promessa de campanha: vai retirar país do pacto para reduzir o aquecimento do planeta. Anúncio deverá ser feito dentro de momentos

    Donald Trump vai mesmo retirar os Estados Unidos da América do Acordo de Paris, um compromisso assumido em 2015, tendo em vista a redução das emissões de gases com efeito de estufa para conseguir baixar o aquecimento do planeta.

    As agências noticiosas internacionais antecipam a informação com base em fontes na Casa Branca, já que a comunicação do presidente norte-americano só agora deverá começar.

    Na aguardada comunicação, Donald Trump deverá revelar quais os procedimentos que irá adotar para sair do Acordo de Paris, bem como as justificações finais para tal.

    De acordo com a agência Reuters, que terá já visto o documento, Trump irá assumir que mantém a sua promessa de olhar primeiro para os empregos dos norte-americanos, acrescentando que, com o Acordo de Paris, a China irá continuar a ser o maior poluidor até 2030, aumentando as suas emissões.

    A agência Reuters revela ainda que Donald Trump deverá assumir que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Parios será feita num prazo de quatro anos, em conformidade com os procedimentos definidos no quadro das Nações Unidas.
    Pressões

    A decisão agora assumida por Donald Trump será tudo menos surpreendente. Durante a campanha eleitoral, no final do ano passado, o então candidato chocou meio mundo ao considerar que o problema das alterações climáticas não passava de um “embuste”.

    Já eleito, Trump manteve sempre a ameaça de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, descomprometendo-se do que o seu antecessor Obama tinha assumido. De forma simples, como é seu timbre, o novo presidente costuma justificar a saída desse compromisso com a vantagem de criar mais empregos para os norte-americanos. Mesmo que seja nas indústrias poluentes, daquele que é o segundo país mais poluente do planeta.

    Acresce que Trump tem sido também pressionado a não aceitar limites ecológicos para a economia norte-americana. Recentemente, 22 senadores republicanos dirigiram uma carta ao presidente, apoiando-o a descomprometer-se com o Acordo de Paris. Diz o jornal britânico The Guardian, que os signatários beneficiaram de apoios para campanhas eleitorais da ordem dos dez milhões de dólares (cerca de 9 milhões de euros). Oferecidos por empresas de petróleo, gás e carvão.

    Além das críticas, a decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris tem, contudo, procedimentos que deverão demorar o seu tempo.

    Para sairem formalmente do Acordo de Paris, precisam de quatro anos. Só o podem fazer três anos depois de o terem ratificado – e eles ratificaram-no em setembro de 2016 – e depois ainda têm de esperar um ano. Agora, é claro que podem estar no acordo e não fazer nada”, explicou na quarta-feira na TVI24, o ambientalista Francisco Ferreira, da associação Zero.

    No plano internacional, vários foram os líderes mundiais que terão lembrado a Donald Trump que a saída do Acordo de Paris não é um ato imediato. Foi o caso do então presidente francês François Hollande e, no passado fim de semana, na cimeira do G7, dos restantes pariticipantes na reunião ocorrida na Sicília.

    Tentaram explicar isto, em frases simples, ao senhor Trump, mas parecer que esta tentativa falhou (…), a lei é a lei”, contou na quarta-feira o presidente da Comissão Europeia.

    Jean-Claude Juncker adiantou mesmo então que “se o Presidente dos EUA sair do acordo de Paris, como deve fazer nos próximos dias ou horas, então a Europa tem o dever de lhe dizer que não é assim que as coisas funcionam”.
    Críticas

    Antes mesmo de Trump anunciar a sua decisão, o mundo tem-se desdobrado em críticas e condenações.

    Esta quinta-feira, foi a chanceler alemã Angela Merkel que juntou a sua voz ao coro de protestos e indignação, em que o secretário-geral das Nações Unidas tem sido um dos mais férreos. Na rede Twitter, Guterres escreveu que a “ação pelo clima não é só a coisa certa a faezr, mas a mais inteligente”.

    Por cá, antes mesmo de Trump anunciar a sua decisão, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, foi também severamente crítico.

    Se o sr. Trump decidir mal, no sentido de relaxar o compromisso dos Estados Unidos da América com o Acordo de Paris, há inevitavelmente um prejuízo para todos nós, ainda que eu esteja convencido de que se trata mais de um sobressalto do que de uma tendência”, disse o ministro Matos Fernandes.

    Consequências

    Diversos analistas acreditam, contudo, que por si só, a decisão dos Estados Unidos de sair dos Acordo de Paris não terá consequências de maior.

    O jornal inglês The Guardian, numa análise anterior ao anúncio da decisão, lembra que mesmo que os Estados Unidos deixem de ter a preocupações com a redução de emissões, há indícios de que a Índia e a China, outros dois grandes poluidores estão a sair da dependência do carvão a um ritmo mais acelerado do que se esperava, segundo os dados do Climate Action Tracker, um índice científico que monitoriza as emissões à escala mundial.

    A China anunciou mesmo a sua intenção no início deste ano que vai investir 360 mil milhões de dólares, 320 mil milhões de euros, em energias renováveis até 2020, criando mais de 13 milhões de empregos nesse setor.

    Esta quinta-feira, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, reafirmou o compromisso do seu país, o maior poluidor mundial, com o Acordo de Paris.

    Na China há um ditado: As promessas devem ser mantidas e as ações devem ser resolutas. É um apelo mundial para lidar com as mudanças climáticas. Não é algo inventado pela China”, afirmou o primeiro-ministro chinês.

    Acordo de Paris

    Em Paris, a 12 de dezembro de 2015, 195 países acordaram em reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, de forma a diminuir o aquecimento global. Desses, 147 já ratificaram o documento.

    De fora, entre os participantes na reunião, ficaram a Síria, a viver uma guerra dentro de fronteiras, e a Nicarágua, que considerou o compromisso pouco ambicioso.

    Entre os signatários, estiveram os países mais poluentes, casos da China, Índia e Estados Unidos, que subscreveu o Acordo de Paris, pela mão do então presidente Barack Obama.

    Os Estados Unidos comprometeram-se assim, ao invés do que sucedera em 1997 na cidade japonesa de Quioto, em que ficaram de fora do protocolo ambiental anterior. O que serviria de pretexto para que países coimo o Canadá, o próprio Japão e a Rússia fizessem letra morta desse acordo.

    No Acordo de Paris, os países signatários comprometeram-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, de forma a conseguir que o aquecimento global não ultrapasse os dois graus Celsius acima dos níveis registados na era pré-industrial. E assumiram ainda fazer todos os esforços, através da maior utilização de energias renováveis, para que esse aumento se ficasse por apenas 1,5º Celsius, uma temperatura acima da qual, muitas ilhas do oceano Pacífico podem desaparecer submersas. (Tvi24)

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