O planeta ainda está longe de alcançar a imunidade colectiva ao novo coronavírus que permita que um grande número de pessoas com anticorpos impeça a propagação da doença covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A imunidade de grupo a um vírus é normalmente alcançada com a vacinação e a maioria dos cientistas estima que pelo menos 70% da população deve ter anticorpos para prevenir um surto.
“Não devemos viver na esperança de alcançar a imunidade colectiva”, afirmou o director de emergência sanitária da OMS Michael Ryan, na conferência de imprensa desta terça-feira em Genebra. “Como população global, não estamos nem perto dos níveis de imunidade necessários para impedir a transmissão desta doença. Esta não é uma solução e não é uma solução que devemos procurar”, acrescentou.
A maioria dos estudos indicam que apenas cerca de 10% a 20% das pessoas têm anticorpos ao novo coronavírus.
Para Bruce Aylward, conselheiro do director-geral da OMS, qualquer campanha de imunização em massa com uma vacina para a covid-19 teria como objectivo cobrir muito mais de 50% da população mundial.
“Queremos alcançar uma alta cobertura [de anticorpos] e não nos iludirmos por uma sugestão perigosamente sedutora de que a imunidade de grupo pode ser baixa”, sustentou.
“A PANDEMIA ESTÁ A MUDAR”. PESSOAS ABAIXO DOS 40 ANOS ESTÃO A IMPULSIONAR A TRANSMISSÃO DO VÍRUS
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a proporção de infectados pelo novo coronavírus está a aumentar globalmente entre a população mais jovem, colocando em risco o sector populacional mais vulnerável, tal como a população mais velha e doente, que está inserida em meios com uma mancha populacional densa e com um serviço de saúde fraco, avança a Reuters.
Takeshi Kasai, responsável da Organização Mundial de Saúde na Região Ocidental do Pacífico, referiu esta terça-feira que “a pandemia está a mudar”, uma vez que “as pessoas entre os 20, 30, e 40 anos estão a impulsionar a transmissão” do vírus, sendo que “muitas não sabem que estão infectadas”.
“ISTO AUMENTA O RISCO DE TRANSMISSÃO PARA OS MAIS VULNERÁVEIS”
“O que estamos a observar não é um simples ressurgimento. Acreditamos que é um sinal de que entrámos numa nova fase da pandemia na região da Ásia-Pacífico”, acrescentou o responsável da OMS.
Takeshi Kasai deixou ainda a recomendação de que através de uma rápida detecção e resposta na gestão dos casos de infecção, os países serão capazes de travar o número de mortos e a queda das respectivas economias.