Quase 70% dos portugueses são contra o fim das Forças Armadas. Para muitos uma nova revolução começará ali
Comemoram-se este ano os 40 anos desde a Revolução de Abril, mas se coisa que os portugueses não esqueceram foi a importância das Forças Armadas para derrubar o regime do Estado Novo. Segundo a sondagem i/Pitagórica, três em cada dez inquiridos defenderam que os militares podem mesmo promover uma nova revolução. A maioria, porém (58,6%), considera que os militares aceitam a subordinação ao poder civil.
Não foi nem por uma nem por duas vezes que Otelo Saraiva de Carvalho, um dos capitães de Abril, defendeu que os golpes militares são mais eficazes que as manifestações. Aliás, desde 2011 que tem dito em público ser contra os militares protestarem na rua, mas que se forem ultrapassados os limites a resposta deverá ser um golpe militar. Otelo diz ainda não ter dúvidas de que a acontecer será mais fácil que em 1974. Ainda assim, há quase 10% de portugueses que não têm opinião formada ou não responderam à pergunta sobre se as Forças Armadas poderiam hoje promover uma revolução ou se aceitam subordinação ao poder civil.
Poupar nos militares Há muito que os cortes na despesa do Estado são reivindicados pelos portugueses, mas se há área em que não querem poupanças é nas Forças Armadas. Nesta sondagem i/Pitagórica, 67,4% dos inquiridos disseram não concordar com o fim das Forças Armadas por motivos económicos. Destes, 27% dizem até “discordar totalmente”. No que diz respeito à percentagem dos que concordam (15,2%, dos quais só 1,3% “concorda totalmente”), é semelhante à dos que referem “não concordar nem discordar” (15%).
Na prática, estes números significam que em cada três portugueses dois discordam da possibilidade de Portugal deixar de ter Forças Armadas. São sobretudo as mulheres e os jovens da classe alta, residentes na zona de Lisboa e nas Ilhas e os eleitores do CDS-PP os que menos aceitam essa hipótese. E só 2,4% dizem não saber ou não responderam sobre o que pensam acerca do fim das Forças Armadas.
FICHA TÉCNICA
OBJECTIVO:
Estudo de opinião realizado pela pitagórica– investigação e estudos de mercado sa, para o jornal i, entre 25 e 29 de março de 2014. Foram realizadas entrevistas telefónicas – cati por entrevistadores seleccionados e supervisionados, com o objectivo de conhecer a opinião sobre questões políticas e sociais da actualidade nacional.
Universo:
O universo é constituído por indivíduos de ambos os sexos, com 18 ou mais anos de idade, recenseados em portugal e com telefone fixo ou móvel.
Recolha de informação:
Foram validadas 506 entrevistas correspondendo a 70,38% das tentativas realizadas. Foi utilizada uma amostragem por quotas de sexo, idade e distrito: (homens – 239; mulheres – 267; 18-34 anos: 149; 35-54 anos: 188 e 55 ou mais anos: 169; norte: 167; centro 128; lisboa: 126; alentejo: 38; algarve: 21 e ilhas: 26). A geração dos números móveis a contactar foi aleatória e a dos números fixos seleccionada aleatoriamente por
Distrito nas listas telefónicas. Em ambos os casos o entrevistado foi seleccionado de acordo com as quotas estipuladas. No caso da intenção de voto, são considerados 401 inquiridos após tratamento da abstenção.
Na projecção de voto os indecisos (18,3%) foram distribuídos de forma proporcional.
Amostra e erro:
O erro máximo da amostra é de 4,4%, para um grau de probabilidade de 95,5%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na entidade reguladora para a comunicação social. (ionline.pt)
Por Carlos Diogo Santos
