As chuvas que caem diariamente na província do Moxico estão a provocar enormes prejuízos, com a destruição de infra-estruturas sociais, aumento das ravinas e inundação das vias de acesso, constatou a nossa reportagem.
Orlando Chinhemba, responsável por uma família de oito elementos, disse ao Jornal de Angola que a chuva destruiu a sua casa e devido à falta de meios pessoais aguarda a ajuda das autoridades. Regressado à pátria em 2007, depois de muitos anos a viver na Zâmbia devido à guerra, revelou que não tem recursos financeiros para arrendar uma casa, onde possa abrigar a sua família.
Tomás Isuamo, que vive no mesmo bairro, está nas mesmas condições: a falta de meios financeiros obrigou-o a montar uma tenda, para cobrir as duas paredes desabadas. “Não há possibilidades de arrendar uma casa, por isso temos que viver assim, até que possamos reconstruir a nossa casa. Precisamos de ajuda”, disse.
Caso as chuvas continuem a cair com muita intensidade, mas de 300 casas, erguidas nas zonas consideradas de risco, podem desabar, segundo constatou o Jornal de Angola no terreno. O bairro 4 de Fevereiro, onde vivem maioritariamente cidadãos regressados da República da Zâmbia e do Congo Democrático, continua a ser o mais afectado. Pelo menos 50 casas já foram destruídas, desde que as chuvas começaram a cair violentamente.
Em alguns bairros periféricos do Luena, devido às constantes chuvas, o trânsito está cada vez mais difícil. Dados da Comissão Provincial da Protecção Civil apontam a destruição de 198 casas, nos bairros Capango, Zorró e 4 de Fevereiro, desde o início deste mês. Devidos às chuvas, 558 famílias ficaram sem abrigo, em várias localidades da província.
Paulo Muhongo, chefe de repartição da Protecção Civil da unidade de Bombeiros no Moxico, refere que um dos maiores problemas da cidade é a falta de drenagem das águas pluviais, o que tem contribuído para a formação de novas ravinas e progressão das que já existem.
A construção desordeira, por falta de acompanhamento, está na origem de muitas lacunas em termos de urbanização, permitindo que haja casas sobre passagens de águas pluviais.
A Comissão Provincial da Protecção Civil continua a fazer o levantamento das vítimas das enxurradas e descarta a hipótese de haver qualquer tipo de apoio aos cidadãos afectados, por falta de meios.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Daniel Benjamim