O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, se reuniu nesta sexta-feira (4) com o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim durante uma visita controversa em que expressou o desejo de aprofundar as relações econômicas, apesar da crescente desconfiança entre Pequim e o Ocidente.
Scholz, recebido no Grande Salão do Povo de Pequim se tornou o primeiro chefe de Governo do G7 e da União Europeia (UE) a visitar a China desde o início da pandemia.
A visita de apenas um dia, após a reeleição de Xi Jinping como líder do Partido Comunista e do país, é analisada com muitas críticas não apenas na Alemanha, mas por aliados como UE, França e Estados Unidos.
O chanceler alemão declarou que deseja “desenvolver mais” as relações econômicas entre Alemanha e China, mas reconheceu que os países têm “pontos de vista diferentes.
“É bom que possamos ter uma conversa aqui sobre todas as questões, incluindo aquelas em que temos perspectivas diferentes – é para isso que serve uma conversa”, disse Scholz.
“Também queremos falar sobre como podemos desenvolver ainda mais nossa cooperação econômica em outras áreas: mudança climática, segurança alimentar, países endividados”, acrescentou.
O chanceler alemão também mencionou as “grandes tensões provocadas em particular pela guerra da Rússia na Ucrânia”, um conflito em que os países ocidentais entendem a “neutralidade” de Pequim como um apoio tácito a Moscou.
Xi afirmou que a visita “estimulará o entendimento e a confiança mútua” e “aprofundará a cooperação prática em vários campos”, de acordo com a imprensa estatal.
– Visita controversa –
Ao desembarcar do avião, a delegação alemã, de quase 60 pessoas, foi recebida pela guarda militar e por profissionais de saúde com equipamentos de proteção para testes de covid-19.
Berlim informou que Scholz fez o exame com um médico alemão, mas supervisionado por funcionários chineses.
Com a visita, o chefe de Governo social-democrata segue os passos da antecessora democrata-cristã, Angela Merkel, que viajou 12 vezes à China em 16 anos.
Ao lado de Scholz viajam executivos de grandes empresas alemãs, como Volkswagen e BASF.
Porém, a dependência da maior economia europeia desta autocracia, onde as empresas alemãs geram uma parte importante de seus lucros, é cada vez mais questionada.
“Com sua viagem à China, o chanceler dá continuidade a uma política externa que levou a uma perda de confiança na Alemanha entre nossos sócios mais próximos”, criticou o deputado de oposição Norbert Röttgen.
Mesmo dentro da coalizão de governo, a ministra das Relações Exteriores, a ecologista Annalena Baerbock, pediu para a Alemanha “não depender mais de um país que não compartilha nossos valores” por causa do risco de ser “politicamente vulnerável a chantagens”.
Poucos dias antes da viagem, o chanceler alemão autorizou uma participação chinesa no terminal portuário de Hamburgo (norte).
AFP