A observação eleitoral em Angola, na sequência de uma anunciada manifestação de protesto contra a forma como o escrutínio está a ser organizado, constitui “um grande desafio”, disse hoje o chefe da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O desabafo de Bernard Membe, ministro dos Negócios Estrangeiros da Tanzânia e que lidera a missão de observação eleitoral da SADC às eleições gerais de 31 de agosto em Angola, foi feito no final de uma reunião de uma hora com a direção da UNITA, partido que convocou para sábado a manifestação de protesto.
A iniciativa visa protestar contra a forma, que a UNITA classifica como ilegal e inconstitucional, como a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana está a organizar o processo eleitoral.
“As manifestações são habituais em todo o lado, mas se conseguirmos resolver todas as questões antes do dia das eleições seria excelente”, acrescentou Bernard Membe.
O chefe da missão de observação eleitoral da SADC disse ainda que o encontro com o presidente da UNITA Isaías Samakuva “teve boas discussões” e considerou que o partido do “Galo Negro” “está pronto para participar nas eleições”.
“Apresentou-nos questões que devem ser consideradas e que vão levar à CNE, para se tomar uma decisão antes da manifestação que a UNITA pretende realizar”, adiantou.
“As eleições em Angola são muito importantes e desejamos que sejam bem-sucedidas, porque todo o continente, todo o mundo, está a olhar para Angola e precisamos de um processo democrático, que seja seguido por outros países”, disse Bernard Membe.
Pela UNITA falou à imprensa o porta-voz Alcides Sakala, que disse ser o primeiro encontro, que outros que vão acontecer e que um documento com as queixas da UNITA foi entregue já à missão da SADC.
“A SADC tem linhas orientadoras muito importantes e a nossa vontade é que esses princípios sejam incorporados no pensamento e na ação da CNE do nosso próprio país”, salientou.
Sakala manifestou a esperança de que a CNE seja “suficientemente flexível” para entender a importância do processo eleitoral em Angola e disse que durante a reunião foi transmitida à missão da SADC a intenção de realizar uma manifestação no sábado, a apenas seis dias das eleições gerais.
Alcides Sakala reafirmou que a manifestação vai acontecer e que durante a semana serão divulgados à imprensa mais pormenores sobre o formato e rotas da iniciativa.
Instado a comentar a anunciada pretensão do MPLA, partido no poder, em realizar no mesmo dia uma contramanifestação, Sakala garantiu que a UNITA “não está preocupada.
“É uma posição que enquadramos em atos de intimidação”, concluiu.
Entretanto, hoje em Luanda a CNE decidiu criar uma comissão que até quinta-feira avaliará as queixas da UNITA, após o que caberá à CNE tomar uma posição final.
A UNITA queixa-se, entre outros aspetos, da falta de divulgação dos cadernos eleitorais e da falta de garantias da distribuição de atas-síntese nas assembleias de voto a todos os delegados de cada um dos partidos concorrentes.
FONTE: Lusa