A saída do Reino Unido da União Europeia, há quase dois anos, disparou os gastos dos consumidores britânicos com alimentos em quase 6 bilhões de libras (7,35 bilhões de dólares), afetando especialmente os menos favorecidos, segundo estudo da London School of Economics (LSE), publicado nesta quinta-feira (1º).
“Sair da União Europeia adicionou, em média, 210 libras aos gastos com alimentos das famílias durante os dois anos até o final de 2021, custando aos consumidores britânicos um total de 5,8 bilhões de libras”, segundo o centro para o estudo do desempenho econômico da LSE.
“Levando em conta que as famílias com renda menor gastam em média uma proporção maior em alimentos em comparação com as famílias mais abastadas, estes aumentos dos custos ligados ao Brexit as afetam de forma desproporcional”, destacou em nota.
No total, o Brexit provocou um aumento de 6% nos preços dos alimentos, segundo o estudo da LSE.
O Brexit entrou efetivamente em vigor em 1º de janeiro de 2021, mas o Reino Unido saiu oficialmente da UE um ano antes e as empresas começaram a se preparar antes desta data.
A LSE estudou o ano de 2020, no auge da pandemia, e 2021, primeiro ano real do Brexit, o que sugere que o custo de deixar a UE poderia continuar aumentando consideravelmente nos anos seguintes.
Sobretudo porque a inflação no Reino Unido acelerou, chegando a 11% em 2022, seu maior nível em 40 anos.
“Há muitos fatores em jogo”, como o aumento dos preços da energia desde a invasão russa da Ucrânia, mas “as crescentes barreiras regulatórias e administrativas” com a UE contribuem para o aumento dos preços, destacou Richard Davies, professor da Universidade de Bristol e coautor do estudo.
UE e Reino Unido assinaram um acordo de livre comércio pós-Brexit, que elimina a maioria das tarifas alfandegárias dos bens comercializados, mas também voltou a impor os controles aduaneiros e sanitários.
Todos estes trâmites representam um custo para as empresas, que o repassam para os clientes.
Vários líderes empresariais, inclusive alguns apoiadores da saída da UE, também lamentaram recentemente a falta de trabalhadores europeus no Reino Unido como consequência do Brexit.
AFP