Na actividade económica e financeira de 2013 as prioridades recaíram para os empréstimos ao Estado ainda que a carteira disponível para novos projectos mantém-se também aberta aos operadores privados.
Todas as manhãs, ao iniciar mais uma jornada laboral, os gestores do Banco Internacional de Crédito (BIC) reúnem-se e na mesa duas variáveis para análise: os processos de crédito a conceder, por um lado, e, por outro, os créditos vencidos e em cobrança.
O presidente do Conselho de Administração do BIC, Fernando Teles, explica que daí o que se segue é trabalho árduo e de equipa. Mãos no telefone, para a ligação de cobrança a clientes em mora, uma extensa lista com nomes dos devedores a publicar no diário generalista Jornal de Angola e gestores no terreno ao encontro daqueles em situação de dívida vencida.
“Temos uma excelente equipa de colaboradores, que todos os dias, antes do início de cada jornada de trabalho, está em reunião para decidir sobre os processos em nossa posse. A ideia é que o cliente, tão logo iniciamos o dia nas nossas agências e balcões, tenha resposta às suas solicitações de crédito”, disse.
Contudo, o bancário diz ter consciência do crescente “mal parado” na banca angolana. Ainda assim, assume o risco de a instituição que dirige continuar a apostar no crédito como mecanismo de reforço da capacidade de as empresas e as pessoas singulares criarem riqueza, mais e melhores postos de trabalho e assegurarem a dinamização da economia interna.
“Em 2013, a maioria do crédito concedido foi ao Estado e isto deve-se a falta de garantia em muitos projectos que recebemos”, explica.
Indicadores do negócio
Durante uma recente conferência de imprensa, o conselho de administração do banco divulgou as contas referentes a actividade de 2013, onde em nota de realce foi anunciada a existência de uma carteira de crédito à economia fixada em seis mil milhões de dólares (cerca de 584 mil milhões de kwanzas), o que representa, comparativamente ao período homólogo, um acréscimo de 799 milhões de dólares (cerca de 77 mil milhões de kwanzas), ou seja, mais 15 por cento.
Quanto aos capitais próprios da instituição, esta rubrica evoluiu dos 760 milhões de dólares (cerca de 74 mil milhões de kwanzas) controlados em Dezembro de 2012, para 889 milhões em 2013 (cerca de 86 mil milhões de kwanzas), valores que superam os 650 milhões (cerca de 63 mil milhões de kwanzas) controlados até ao encerramento das contas em 2011, isto visto o balanço sob uma pespectiva trienal.
Uma das principais razões avançadas como fundamental nesta forte capitalização do banco é o facto de nestes últimos anos os accionistas abdicarem da divisão dos resultados, para garantirem uma maior solidez da instituição, que segundo Fernando Teles é já um facto.
O activo do banco subiu 11 por cento ou seja evolui dos 6.931 milhões de dólares (cerca de 674 mil milhões de kwanzas) de 2012 para os 7.696 milhões (cerca de 749 mil milhões de kwanzas) em 2013.
Sobre o resultado líquido, numa visão agregada dos últimos três anos de actividade financeira, o banco viu crescer significativamente esta rubrica, pois passou dos 156 milhões (cerca de 15 mil milhões de kwanzas) de 2011 e 168 milhões (cerca de 16 mil milhões de kwanzas) de 2012, para os 201 milhões (cerca de 19 mil milhões de kwanzas) em 2013.
Será então este forte crescimento do balanço e dos seus níveis de capitalização o responsável também pela manutenção dos altos níveis de rentabilidade que a instituição concentra.
Recurso de clientes
O recurso de clientes do banco, em 2013, totalizou cerca de 6,3 mil milhões de dólares (613 mil milhões de kwanzas), o que representa um aumento de cerca de 554 milhões (53 mil milhões de kwanzas), cerca de 10 por cento.
Nos dois anos anteriores (2011 e 2012), os recursos de clientes do BIC cifraram-se em 4,6 e 5,7 mil milhões de dólares (451 e 560 mil milhões de kwanzas), respectivamente.
Para a administração de Fernando Teles, este aumento das entradas provenientes dos clientes combina com a forte implantação geográfica do banco pelo território nacional, sendo também uma resposta a estratégia de bancarização das populações, através de produtos que responsam aos anseios destes.
Apesar do crescente “mal parado”, as provisões para crédito do banco dão espaço de manobra suficiente aos gestores, uma vez que o balanço prevê estas despesas, o que permite considerar a recuperação do crédito uma mais-valia para o negócio.
“O crédito mal parado preocupa a todos. Nós banco BIC temos consciência e por essa razão, não só diminuimos a oferta aos particulares, mas também temos, através da central de risco do Banco Nacional de Angola (BNA), partilhado as informações sobre o perfil dos clientes e da sua situação creditícia junto de outros bancos”, acrescenta (jornaldeeconomia.ao)
Por: Isaque Lourenço