O antigo Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau Edmundo Mendes disse hoje ter sido agredido fisicamente no sábado a noite, na cidade de Cacheu, por militares e elementos da Guarda Nacional Guineense.
Em conferência de imprensa na sua residência, Edmundo Mendes, que exerceu o cargo de Procurador-Geral guineense entre agosto de 2011 e agosto de 2012, afirmou que tem sido “alvo de perseguições” desde que deixou o cargo de Procurador.
“Quando deixei o cargo de (Procurador) prometi a mim mesmo não falar publicamente e não tenho estado a falar, mas desde o dia a seguir em que fui exonerado tenho sido alvo de perseguições permanentes e cada vez com mais intensidade”, notou Edmundo Mendes.
“Ontem (sábado) desloquei-me a cidade de Cacheu com um amigo para ir comprar produtos alimentares para a festa do Natal, qual não foi o meu espanto quando vi que estava a ser seguido de viatura. Fui seguido até Cacheu e lá, sem que tivesse feito nada, fui agredido violentamente com paus por militares da Fiscap e elementos da Guarda Nacional”, disse Mendes.
A Fiscap é a entidade fiscalizadora das águas territoriais guineenses. É constituída por militares da Marinha, elementos da Guarda Nacional Guineense e civis afetos ao ministério das Pescas. Cacheu é uma cidade costeira que fica situada a cerca de 100 quilómetros de Bissau.
“Ficou provado que aquilo que vinha observando e que nunca pensava que ia acontecer aconteceu mesmo. Se me tivessem apanhado numa zona erma se calhar hoje não estava aqui a falar”, frisou o ex-Procurador Geral, visivelmente preocupado.
“Fui Procurador-Geral deste país, desempenhei com honra e dignidade esse cargo, penso que mereço respeito da República. Nem tive direito a segurança pessoal”, disse Edmundo Mendes, precisando que não tenciona abandonar a Guiné-Bissau e muito menos pedir asilo político.
Quando questionado sobre se pensa intentar alguma queixa-crime contra os seus agressores, o ex-Procurador Geral diz que já está a tomar as diligências necessárias, mas que para já desconhece os motivos pelos quais foi agredido e quem foram os seus agressores.
Mendes não quer acreditar que a sua agressão apenas terá que ver com o facto de ter sido Procurador-Geral da República, lembrando que também foi diretor geral adjunto da Policia Judiciária e responsável pelas investigações criminais.
Na conferência de imprensa o ex-Procurador, que diz agora não ter nenhuma função no Estado, porque não lhe dão trabalho desde que foi exonerado, apresentou à imprensa uns paus com os quais teria sido agredido. (lusa.pt)