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    Angola quer renegociar a dívida

    Rácio da dívida para rendimentos fiscais atinge quase 90 por cento. Governo gasta 250 milhões de dólares por mês a importar alimentos e 200 milhões em produtos petrolíferos refinados

    O Governo de Angola está a tentar renegociar a sua dívida externa que, no final do ano passado, atingiu os 62,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), revelou em Washington o secretário de Estado para a Economia e Planeamento.

    Neto Costa disse que a intenção do Executivo angolano é renegociar a “maturidade” das dívidas.

    Dados mais recentes indicam que desde o início do ano a dívida angolana poderá ter atingido já os 67 por cento do PIB.

    Numa conferência de possíveis investidores organizada pelo Banco Mundial e pela Câmara de Comércio Estados Unidos/Angola, em Washington nesta quarta-feira, 18,Costa adiantou que o rácio do serviço da dívida para o rendimento fiscal do governo era no final do ano passado de 89,4 por cento..

    O secretário de Estado não avançou com quem o Governo angolano quer renegociar a divida mas, para já, parece estar posta de parte a possibilidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) vir em socorro de Angola com um pacote de financiamento.

    Aliás, as autoridades angolanas indicaram hoje em Luanda ter pedido um programa de apoio ao FMI, mas apenas para coordenação de políticas económicas, visando ajudar o Governo na “implementação do programa do Governo de estabilização macro-económica”.

    Entretanto, os números divulgados em Washington revelam que a dívida angolana surge como um dos principais entraves ao desenvolvimento do país, daí a necessidade do seu refinanciamento.

    Reservas cambiais caem um terço

    O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) José Massano, também presente na conferência, disse que o ano passado as reservas cambiais angolanas caíram em cerca de um terço.

    Entretanto, o secretário de Estado da Economia e Planeamento reiterou, por seu turno, que as reservas cambiais de Angola têm vindo a cair desde 2013, quando estavam avaliadas em cerca de 31.000 milhões de dólares, para pouco mais de 13.000 milhões o ano passado.

    Estatísticas do BNA indicam que desde então essas reservas caíram para pouco mais de 15.000 milhões de dólares, o que põe em perigo as contas externas do país.

    A este propósito, o governador do BNA disse na conferência que Angola precisa diversificar a sua economia pois 95 por cento dos seus câmbios são provenientes da venda de petróleo

    “Para vos dar uma ideia, Angola importa mensalmente 250 milhões de dólares em alimentos”, sublinhou Massano.

    “Outros 200 milhões de dólares mensais são gastos para a importação de produtos petrolíferos refinados, enquanto outros 50 milhões de dólares mensais são gastos em estudantes no estrangeiro ou com os angolanos que vão ao estrangeiro para tratamento médico”, esclareceu o governador do banco central.

    “E tudo isto está dependente do petróleo”, sublinhou José Massano.

    Compradores da dívida optimistas

    Apesar dessa realidade, o ministro das Finanças Archer Mangueira fez notar na conferência haver um maior optimismo entre os compradores da dívida angolana.

    Mangueira disse estar a decorrer a segunda emissão da divida pública angolana em moeda externa, os Eurobonds.

    “É justo lembrar que os títulos da primeira emissão realizada em 2015 estão a ser transaccionados no mercado secundário com “yields”, que denotam a confiança dos investidores”,” destacou o governante.

    “As cotações registaram no início deste ano níveis abaixo de 7 por cento face aos 9,5 por cento iniciais”, acrescentou o ministro que reconheceu, no entanto, que esse tacto pode estar ligado a melhores preços do petróleo.

    Contudo, Mangueira conclui dizendo acreditar que isso se deve também às iniciativas que o Governo angolano está a levar a cabo “para tornar o país mais atraente ao investimento directo estrangeiro”. (Voa)

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