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    Angola fez o “mais complexo e custoso” percurso pôs-independência das ex-colónias portuguesas – Pedro Pires

    Angola fez o mais ?complexo e custoso? percurso de todas as antigas colónias portuguesas em África, pouco antes e depois da proclamação da independência, devido aos conflitos armados que a envolveram, logo a seguir a guerra contra o colonialismo.

    ANTIGO PRESIDENTE DE CABO VERDE (FOTO: Gaspar Dos Santos)
    ANTIGO PRESIDENTE DE CABO VERDE (FOTO: Gaspar Dos Santos)

    A constatação é de Pedro Verona Pires, antigo presidente de Cabo Verde, em entrevista exclusiva à Angop, em Luanda, a propósito dos 40 anos da independência nacional, que se assinala no próximo dia 11 de Novembro.

    Apesar de admitir não dominar todos os elementos do processo, Pedro Pires recorda o facto do conflito ter começado em 1974, um ano antes mesmo da proclamação da independência, pouco depois do fim da luta armada contra o poder colonial.

    “No caso angolano, houve intervenções claras externas de países vizinhos que pretendiam condicionar o desfecho da luta de libertação dos angolanos e depois os conflitos internos com outros actores deste processo, que conduziram a outras lutas armadas e guerras civis internas que levaram anos”, disse o antigo presidente de Cabo Verde.

    Angola foi fustigada por uma guerra iniciada em 1974 e que só terminou em 1991, envolvendo, para além dos movimentos de libertação nacional (MPLA, FNLA e UNITA), signatários dos acordos de Alvor (Portugal), os exércitos de Cuba, ex-Zaíre e do regime de apartheid da África do Sul.

    Neste conflito, que quase tornou Angola num país falido, segundo dados das Nações Unidas, terão morrido mais de 500 mil pessoas e mais de um milhão de deslocados, paralisou a economia e deixou mais e 15 milhões de minas terrestres.

    Durante a entrevista, Pedro Pires recordou “com tristeza” o reinício da guerra, em 1992, quando a UNITA rejeitou os resultados das primeiras eleições multipartidárias, pleito a que ele chefiou a equipa de observadores da CPLP.

    Esta guerra terminaria 10 anos depois, com a morte em combate de Jonas Savimbi.

    Perante este quadro, segundo Pedro Pires, deve ter-se em conta este percurso e os esforços que se fazem para a normalização de um país que só começou a viver em paz 20 anos depois da sua independência nacional.

    O antigo presidente cabo-verdiano sublinha o facto de Angola estar a caminhar para a normalização que, apesar de não ser ainda a 100%, já é uma realidade.

    “Eu vejo as coisas no processo gradual de construção. Sei que a normalização de Angola ainda não é de 100%, mas já é de 90%! Mas o que aprecio aqui é o esforço dos angolanos em sair daquele percurso de dificuldades e, mais importante ainda, nesta normalização é a manutenção das instituições, ter um Estado funcional, ter forças armadas sólidas que garantem a paz, unidade e soberania do país”, explicou o Comandante Verona, como também é tratado no seu país.

    Ao antigo líder de Cabo Verde não passam despercebidos os resultados do plano de recuperação económica, traçado pelo governo angolano, depois do fim da guerra em 2002 que, entre outros, visou a construção e reabilitação de infra-estruturas socioeconómicos.

    “Apesar de não ter todas as informações que me permitam fazer afirmações categóricas, o que se verifica é que as infra-estruturas que fazem funcionar o país, como os caminhos de ferro, as estradas e portos foram reabilitadas ou em pleno desenvolvimento e um país tão grande como Angola precisa delas para uni-lo e fazê-lo funcionar”, disse o político cabo-verdiano.

    A juntar a reabilitação dessas infra-estruturas e outras, destaca Pedro Pires, “sentem-se os esforços que se fazem para a diversificação da economia. Agora, do meu ponto de vista, não devemos esquecer que o desenvolvimento e aperfeiçoamento se fazem de forma gradual”.

    O antigo líder cabo-verdiano atribuiu à Angola um papel estratégico no continente, que lhe permite influenciar o estabelecimento de relações pacíficas no espaço continental.

    “O que posso afirmar aqui é que Angola tem um prestígio bastante grande, não só nas sub-regiões austral e central, mas em todo o continente. Do vosso país, os africanos esperam um contributo importante para a estabilidade, segurança e paz”, destacou.

    É claro que Angola tem outra intervenção, esta já a nível internacional, a nível das Nações Unidas, para assumir um papel importante na defesa das causas e interesses de África.

    Por isso, disse o “Comandante”, “do lado de Cabo Verde, nós sempre olhamos Angola com esperança, com simpatia e contamos com Angola para o nosso processo de desenvolvimento, para nos apoiar nas nossas grandes dificuldades, na nossa condição de pequeno país”.

    Numa mensagem por ocasião dos 40 anos da independência nacional, Pedro Pires convoca os angolanos a mentalizarem-se de que o papel mais importante para o futuro do país a eles cabe.

    “O que posso dizer é que o futuro de Angola está nas mãos dos angolanos e que eles, os angolanos, têm um papel muito importante para o futuro do seu país. O futuro, construímo-lo todos os dias, mas temos que ter um projecto, ter uma visão desse futuro e evitar o pensamento imediatista e projectar a visão para daqui a 10/20 anos”, frisou o antigo presidente do Cabo Verde. (portalangop.co.ao)

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