Estudo sobre as rochas ornamentais revela que o peso das exportações neste ramo da economia nacional tem tendência a aumentar.
A exploração e exportação de rochas ornamentais em Angola estão em franco crescimento, com a produção anual a rondar os 60 mil metros cúbicos de granito e mármore, revela um estudo tornado público na última quarta-feira, na cidade do Lubango, província da Huíla.
O estudo, apresentado pelo engenheiro Marcelo Siku durante a abertura da jornada alusiva ao Dia do Mineiro, refere que 90 por cento da produção é constituída por granito e dez por cento de mármore.
O engenheiro esclareceu, sem revelar receitas, que as principais áreas produtoras de granito são os municípios da Chibia e dos Gambos, província da Huíla, Lucira, no Namibe, e Nzeto, no Zaire. A província do Namibe é única produtora de mármore.
Marcelino Siku explicou que 80 por cento da produção nacional é destinada ao mercado externo, sobretudo para a China, EUA, Espanha, Grécia, Hong-Kong, Itália, Suíça e Taiwan.
Angola, de acordo com Marcelo Siku, consumiu, em 2010, mais de um milhão de metros quadrados de produtos acabados de granito e mármore fornecidos pela China, Espanha, Portugal e Turquia.
O também director da empresa de exploração de granito negro Rondang referiu que as projecções apontam para a manutenção da tendência de crescimento no mercado internacional de rochas ornamentais e para o aumento dessa indústria em Angola.
Marcelino Siku sublinhou que o comércio de rochas ornamentais tem ligação estreita com a construção civil, sendo este material usado como revestimento interno e externo de paredes, pisos, pilares, colunas e soleiras, além de peças isoladas, como estruturas, tampos, pés de mesa, bancadas, balcões, lápides e arte funerária, em geral.
O engenheiro apontou a aprovação da Lei 1/92 como um instrumento que liberalizou a actividade e marcou uma nova era na exploração e exportação de granito. Com a conquista da paz, em 2002, o sector conheceu um crescimento acentuado.
Granito negro
A província da Huíla, que possui uma história longa e consolidada neste ramo da indústria, cujo ponto de partida foi a exploração de calcário, lidera a produção e exploração de granito. A proximidade do Porto do Namibe favoreceu a actividade exportadora e transformou aquela província no maior pólo de exploração de granito negro bruto no país. O número de empresas huilanas exportadoras de rochas evoluiu de três, em 1998, para 12, em 2011. “As rochas fazem parte da história económica da província da Huíla. As actividades mineiras e industriais foram as primeiras conduzidas por portugueses no Tchiquatiti (Chibia) e no Caraculo, Hapa e Virei (Namibe) ”, explicou. No Namibe, a exploração de rochas ornamentais começou nos anos 50, tendo como pioneiros empresários portugueses. As serrarias apareceram no Namibe e no Lobito nos anos 60 e na Huíla a partir de 2004.
Neste momento, os trabalhos de acabamento são feitos em seis fábricas, das quais três na cidade do Lubango, uma no Namibe, outra em Benguela e ainda outra na província do Zaire. A produção de chapas, ladrilhos, escadaria e todo tipo de revestimento interno e externo destina-se ao consumo nacional.
Marcelino Siku esclareceu aos presentes as diferentes básicas entre os dois tipos de rochas ornamentais mais explorados, os granitos, classificados como rochas silicáticas, e os mármores, que são rochas carbonáticas.
“Os mármores, granitos e outros tipos de rochas ornamentais são considerados clássicos e estão menos sujeitos a modismos”, destacou Marcelino Siku, referindo que o padrão de cor é considerado o principal atributo para a qualificação de uma rocha. Em função das características cromáticas, os materiais são enquadrados como clássicos, comuns ou exóticos.
“O mármore tem quase a mesma aplicação que o granito. O seu efeito está na durabilidade e a nobreza e o seu ponto fraco é ser menos resistente a riscos e mais sensível a ataques químicos, como os produtos de limpeza”, acrescenou.
O engenheiro lamentou ainda o facto de as vendas de rochas ornamentais angolanas terem sido afectadas por problemas de logística e pelo aumento dos preços dos fretes marítimos internacionais.
Ranking mundial
Angola está entre os 20 maiores exportadores de material bruto. A lista de países produtores integra o Brasil, China, Espanha, Itália, Irão, Portugal, Turquia e outros. O ranking de importadores é liderado pela China, seguida dos EUA, Espanha, Grécia, Hong-Kong, Itália, Suíça e Taiwan.
O sector de exploração de rochas ornamentais movimenta cerca de 50 mil milhões por ano. Nos últimos 15 anos, a taxa média de crescimento anual tem sido de 10 por cento, apesar da concorrência por parte dos revestimentos cerâmicos.
Embora a Itália seja o núcleo difusor das inovações tecnológicas e maior produtor e exportador de máquinas, a China é, desde 2002, o maior importador de produtos brutos e maior exportador mundial de semi-manufacturados.
O engenheiro acrescentou que o aumento da procura por parte da China, Índia e Taiwan contribuiu para a elevação dos preços.
Dificuldades e impacto
Os elevados custos de logística, transportes e armazenagem de blocos de granito negro no Porto do Namíbe são as principais dificuldades evocadas pelos produtores que, de acordo com Marcelino Siku, acreditam que a circulação do comboio dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes vai reduzir os custos relacionados com o transporte das minas da província para o Porto do Namibe.
A falta de infra-estruturas e de mão-de-obra qualificada, além de inexistência de pesquisa e promoção comercial e as dificuldades para legalizar os trabalhadores expatriados constituem entraves ao desenvolvimento do sector e podem limitar a sua expansão.
Os produtores enfrentam também problemas na aquisição de peças para máquinas e equipamentos na província da Huíla e ausência de especialistas em vários domínios. Muitos não conseguem aproveitar os subprodutos das pedreiras. A construção de Instituto Superior Politécnico de Geologia e Minas no município da Jamba é uma aposta do Executivo para este ano, afirmou a directora provincial do sector durante a cerimónia da abertura da jornada.
Paula Filomena Joaquim disse que a construção da escola superior está inserida no projecto de exploração mineira da Jamba e visa promover a formação de quadros de nível superior na região sul.
“A conclusão desta escola vai ajudar a reduzir a carência de quadros na província da Huíla e no país, em geral. A formação de especialistas nacionais pode potenciar as empresas com pessoal qualificado e diminuir assim o recurso a mão-de-obra expatriada”, frisou. A directora apelou às empresas de exploração de rochas ornamentais para que disponibilizem os resíduos para a sua utilização na reconstrução nacional, sobretudo para a pavimentação de estradas, passeios e revestimento de obras públicas. Para a directora provincial da Geologia e Minas, as empresas são obrigadas a apresentar um estudo de impacto ambiental e prever medidas para a reparação dos danos causados à natureza, tendo em observância ao Código Mineiro em vigor no país.
FONTE: JA