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    Agência Moody’s ameaçou baixar a nota da Repsol

    A agência de classificação de crédito Moody’s ameaçou rebaixar a nota da Repsol, colocando-a sob vigilância negativa, devido ao anúncio da expropriação do grupo petrolífero espanhol e a sua filial YPF pelo governo da Argentina, depois da Fitch ter feito o mesmo.
    “A Moody’s considera que a expropriação de uma participação de 51 por cento da Repsol na YPF, sem uma compensação financeira adequada por parte do governo argentino, provocaria um enfraquecimento significativo das qualidades de crédito do grupo”, explicou a agência que actualmente dá à petrolífera espanhola a nota “Baa2”.
    Enquanto isso, o vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Joaquim Almunia, alertou que a Argentina poderá sofrer falta de crédito, se a expropriação da companhia Repsol-YPF, determinada pela presidente Cristina Kirchner, não for invertida.
    “Quando digo que o povo argentino vai ser prejudicado, vai sofrer as consequências, é porque a Argentina necessita de atrair investidores estrangeiros, pois não tem capacidade de poupança interna suficiente para cobrir todas as suas necessidades. E os investidores estrangeiros não ajudam países que não lhes garantam segurança política e protecção dos seus investimentos por um marco jurídico claro”, disse Joaquim Almunia.
    O vice-presidente da CE prestou estas declarações aos jornalistas no intervalo de um encontro sobre competitividade internacional que decorre no Rio de Janeiro e frisou o descontentamento dos europeus com a atitude da Argentina.
    “A União Europeia observa com grande preocupação o que acontece na Argentina. Temos entre as nossas responsabilidades a protecção dos investidores europeus. Sempre que esses interesses são afectados, a União Europeia deve reagir e garantir a segurança jurídica. No nosso entender, a Argentina quebrou as regras estabelecidas”, referiu. O comissário europeu explicou que existe um acordo bilateral de protecção de investimentos entre a Espanha e a Argentina e pediu que isso seja respeitado. Questionado se a expropriação poderia dificultar o diálogo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), Joaquim Almunia respondeu que “o Mercosul é bem maior que a República Argentina”.
    Joaquim Almunia disse não acreditar que a expropriação da petrolífera vá prejudicar os investimentos europeus nos demais países do bloco sul-americano. “Os outros governos dos países do Mercosul não se comportam como o governo argentino. Então, não têm de sofrer consequências negativas”, concluiu.

    Crise não afecta outros países

    O embaixador do Brasil na Espanha, Paulo César de Oliveira, afirmou que a decisão do governo argentino de expropriar 51 por cento da YPF, subsidiária da Repsol, não deverá afectar outros países latino-americanos, mas ressaltou que “não se pode dizer que algo nunca vai acontecer”.
    “Não se pode falar da América Latina ou da Europa no seu conjunto. É preciso levar em conta as peculiaridades de cada país e não acho que a decisão vá afectar os outros países, porque somos diferentes”, afirmou o embaixador. O embaixador fez essa análise após participar, em Sevilla (Espanha), numa conferência sobre as oportunidades de negócio no Brasil onde sublinhou que “as carências se transformaram em oportunidades”, especialmente em sectores como o turístico, no qual os investidores podem contar com subvenções.

    Preocupação da Sinopec

    A decisão da Argentina de nacionalizar a petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, frustrou anos de planeamento da chinesa Sinopec de comprar a companhia sul-americana, afirmaram fontes. Profissionais de bancos disseram que a segunda maior companhia petrolífera da China manteve discussões com a Repsol sobre a compra da sua participação de 57 por cento na YPF. O “site” chinês “Caixin.com” citou uma fonte que afirmou que a Sinopec tinha acertado um acordo não vinculativo de assumir a YPF por mais de 15 mil milhões de dólares americanos.
    Mas os planos da presidente argentina, Cristina Kirchner, de assumir o controlo da petrolífera, que gera revolta na Espanha e críticas internacionais, acabaram com qualquer esperança da estatal Sinopec selar um acordo, disseram as fontes.
    “É muito complicado para qualquer grande empresa da China colocar tanto dinheiro, a menos que haja uma relação especial com o governo argentino, o que eu duvido”, disse um profissional da área de fusões e aquisições de um banco que assessorou companhias petrolíferas estatais em operações internacionais. “Essa é uma situação que desafia qualquer um, dada a acção tomada pelo governo. Para mim, parece um suicídio político permitir agora que uma companhia chinesa controle a YPF depois do anúncio da expropriação”.
    As fontes afirmaram que o interesse da Sinopec na YPF existia há pelo menos cinco anos, mas, de acordo com o jornal “Financial Times”, a Repsol não informou a Argentina sobre as discussões com a petrolífera chinesa.
    A Sinopec não comentou o assunto. O presidente do conselho da Repsol, António Brufau, não quis comentar sobre o interesse da Sinopec, mas numa entrevista a jornalistas afirmou que a companhia recebeu muitos contactos de interessados internacionais na petrolífera argentina.
    Em Novembro passado, a Sinopec ampliou a sua presença no pré-sal do Brasil, ao fechar um acordo de 3,5 mil milhões de dólares por uma fatia de 30 por cento na unidade brasileira da petrolífera portuguesa Galp.

    Fonte: JA

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