Persistem as dificuldades para a obtenção do Bilhete de Identidade. Agravada com o atendimento por marcação telefónica imposta pela Covid-19, situação alimenta surgimento de «mixeiros». Ao NJ, o director de Identificação, Registos e Notariado expõe a versão do Estado e revela a futura solução tecnológica que já está em fase de testes.
Em pleno 2021, e após as promessas do Governo, que chegou em 2017 a pagar 243 milhões de dólares à China National Electronics Import & Export Corporation para agilizar os trabalhos das conservatórias, tratar Bilhete de Identidade (BI) continua a ser uma “dor de cabeça”, seja a primeira ou a segunda via.
Conforme apurou o Novo Jornal, para obter este documento, o utente é obrigado a permanecer em longas filas ou ter de “madrugar”, submetendo-se, por exemplo, ao risco de ser assaltado.
Mas, os sacrifícios não se ficam por aqui, porque é preciso ter sorte, rezando para que haja energia eléctrica e que não falhe o sistema de internet. As dificuldades agravaram-se com a limitação no atendimento decorrente da Covid-19.
Aliás, a pandemia até trouxe o sistema de prévias marcações, feitas por telefone, mas a dura realidade mantém-se.
Nas primeiras horas da passada terça-feira, 15, mais de 20 pessoas encontravam-se já enfileiradas para tratar o BI no Tribunal da Comarca de Belas, no Golfe 2, em Luanda. Não eram sequer 05h:30, mas houve quem já estivesse no local há, pelo menos, duas horas, como é o caso de José Augusto, de 29 anos.
Funcionário público, Augusto optou por ir mais cedo para evitar aborrecimentos e ser um dos primeiros atendidos, já que precisava de estar na empresa às 10h00. O jovem ficou quase dois meses a tentar fazer marcação por telefone.
Não tendo sido bem-sucedido, decidiu-se, então, por se deslocar ao posto de emissão do BI, optando por um “esquema” nada recomendável: pagou, no dia anterior, dois mil kwanzas a um dos agentes de segurança para ter o nome no topo da lista do dia em causa.