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    Suicídios preocupam autoridades angolana

    Pelo menos 2.500 angolanos suicidaram-se entre Janeiro de 2013 e Agosto deste ano, revelam dados dos Serviços de Investigação Criminal.

    Esses números podem no entanto ser bastante mais elevados pois tal como admitiu uma entidade desse serviços muitos casos não são registados como tal.

    Os cidadãos da faixa etária entre os 25 aos 40 anos são os mais afectados, sendo que, há o registo este ano de um casal menor de idade e um idoso com 79 anos.

    Segundo uma pesquisa feita com base em dados oficiais, realizada por quatro médicas psicólogas e psiquiátricas angolanas e reunida em livro, a província de Luanda registou maior número de suicídios no país, com 90 casos num único trimestre.
    Os casos de suicídios têm estado a preocupar as autoridades e a sociedade civil que alerta para agravamento da situação estimulada pela crise económica e financeira que graça o país que tornou precária a vida de muitas famílias.

    Para o Psicólogo Nvunda Tonet a informação revelada é uma grande preocupação tanto para o sistema nacional de saúde como para o actual momento económico.

    “Tal como diz Augusto Cury, no suicídio a pessoa quer pôr fim ao sofrimento e não propriamente á situação que causa tal comportamento”, disse o psicólogo para quem “é comum em situações de aflição, angústia, dificuldades económicas e financeiras as pessoas não terem alternativa, tal como também em situações de carência emocional”.

    Tonet entende que o índice elevado de casos de suicídios que se regista em Angola devia ser motivo mais que suficiente para as autoridades sanitárias criarem um plano nacional de combate a este fenómeno.

    O médico legista do SIC, Aurélio Rodrigues, afirmou recentemente em entrevista a imprensa que do ponto de vista estatístico os dados oficiais não reflectem a realidade, visto que alguns casos que ocorrem no país não são denunciados, uma vez que os serviços não estão presentes em algumas aldeias, comunas e municípios.

    A opinião do médico legista é partilhada pelo Filósofo e Pedagogo, José Ndimba Cadeeiro, para quem a responsabilidade sobre os actos de suicídios devem ser imputados a quem tem a missão de providenciar as melhores condições de vida aos cidadãos.

    Nos casos em que o desespero e o insucesso profissional ou financeiro constituem as causas do cometimento de tais actos “isto é sinal de pouca actuação governativa no sentido de acabar com o analfabetismo que em muitas situações provoca a falta de profissionalização orientada”, disse

    A preocupação sobre o assunto, segundo Psicólogo e Jornalista Fernando Guelengue, não é apenas do Estado, mas de toda sociedade.

    Cerca de 75 por cento casos de morte voluntária ocorrem em países de rendimento médio e baixo e a maior parte destes não possui estratégia de combate à morte por iniciativa própria.

    A definição de estratégias exequíveis de inclusão social que passa pelo acesso ao emprego, a criação de condições essenciais de vida entre outros, poderá reduzir o número de casos de morte por iniciativa própria.

    “A estratégia consiste em fazer com que todo o cidadão tenha o mínimo para viver. Que todo cidadão tenha um emprego, um salário condigno tenha uma residência…”, referiu o Jornalista Manuel Augusto para mais adiante ressaltar que “não é admissível que a um jovem que termina a sua formação não tem acesso ao primeiro emprego porque lhe é exigida experiência profissional de 5 anos”. Isto, na visão do nosso interlocutor, “cria situação de frustração que concorre para prática de morte voluntária”.

    O Psicólogo Fernando Guelengue alerta para a existência de outros factores que podem estar na raiz do fenómeno.

    O excesso de consumo de estupefacientes, as desilusões amorosas, as doenças hereditárias de fórum mental, a desestruturação familiar e problemas de fórum tradicional são também condições que levam muitos cidadãos a cometerem suicídio.

    As Nações Unidas indica que o suicídio é a 13.ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos.
    A taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres, que utilizam meios letais como armas de fogo e enforcamento.

    A Organização Mundial de Saúde considera que os suicídios podem ser evitados com uma série de medidas que devem ser tomadas junto da população.

    O Psicólogo N´vunda Tonet aponta a elaboração de um Programa Nacional de Prevenção ao suicídio como uma das soluções para se por cobro ao problema em Angola.

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