Dakar – O presidente senegalês, Macky Sall, denunciou terça-feira, em Dakar, que os extremistas pretendem transformar o mundo em refém, durante uma conferência internacional sobre o tema “Islão e a Paz”, numa altura em que os islamitas do Boko Haram ameaçam a estabilidade dos países vizinhos da região do Sahel.
“O estrondo da violência mortífera é sentido em todo o mundo, semeando morte e a destruição. Extremistas de todas as margens lutam para transformar o mundo em refém”, declarou o chefe de Estado senegalês na sessão de abertura desta conferência.
“O Islão que queremos, é um Islão de paz e de tolerância”, acrescentou Sall.
O Senegal, país 95% muçulmano, tem sido até ao momento poupado das violências de grupos islamitas radicais que atingem os países vizinhos.
“Há 10 anos, ninguém imaginava que haveria bombas humanas na Nigéria. As pessoas têm medo de falar sobre isso para evitar ataques. O que é errado. Os assaltantes estão simplesmente à procura de oportunidades. Não pode haver diálogo possível com os terroristas”, sublinhou, na parte do seu discurso em língua wolof, a mais falada no Senegal.
Macky Sall apelou, face ao “extremismo”, no sentido de se “construir uma paz social, corrigindo as desigualdades que alimentam o sentimento de exclusão”.
O chefe de Estado senegalês exprimia-se na abertura de uma conferência de dois dias, organizada pela Associação Islâmica Jamhiyatou Ansaarud-Din (JAD), fundada nos anos 40 no Senegal e que depois se espalhou para o estrangeiro, incluindo na Nigéria.
A conferência, co-patrocinada pelo presidente Sall e o Rei do Marrocos, Mohammed VI, realiza-se na presença de 500 participantes vindos de 20 países do mundo inteiro, segundo os organizadores.
O ministro marroquino encarregue dos Assuntos Islâmicos, Ahmed Toufiq, denunciou “as formas jihadistas” do Islão, “que querem fazer da religião (muçulmana) uma doutrina de guerra”.
“Aqueles que cometem este tipo de violências na Nigéria cometeram actos contrários ao Islão. Um dos objectivos da conferência é de melhorar a imagem do Islão, manchado por alguns”, acrescentou Mamadou Lamine Ba, um responsável da organização, referindo-se aos islamitas do Boko Haram, que multiplicaram nas últimas semanas os ataques na Nigéria, no Tchad, nos Camarões e no Níger. (portalangop.co.ao)