A TAAG – Linhas Aéreas de Angola retomou ontem os voos domésticos de Luanda para Cabinda, transportando cem passageiros que estiveram retidos seis meses na capital do país devido à pandemia da Covid-19.
O director de Operações de Terra, Hélio Soma, referiu que os passageiros, depois de confirmados com bilhetes actualizados e com resultados negativos à Covid-19, receberam a ordem de embarque.
De sorriso estampado no rosto, Carla Cumba, carregando o filho às costas, era uma das passageiras do voo.
Abordada pela reportagem do Jornal de Angola, no momento em que se aprestava a fazer o “check-in” para o regresso à terra, disse que estava em Luanda há seis meses, por questões familiares, mas acabou retida na capital do país durante os sucessivos períodos de Emergência e Calamidade, devido à Covid-19
Disse sentir-se, agora, aliviada, porque em Luanda já se encontrava numa situação aflitiva, sem recursos financeiros para alimentação e outras necessidades. “ Passei algumas noites a dormir defronte ao aeroporto doméstico na esperança de que os voos retomassem”, explicou.
Susto e lágrimas Mesmo depois de ter passado muito tempo na fila de “checkin” e pronta para o embarque, Carla Cumba quase que caía em prantos. De bagagem em mãos, ainda foi vista a chorar. “Isto é azar, o meu nome não consta da lista dos passageiros a embarcar, não compreendo como é possível”, lamentava em prantos.
A reportagem do Jornal de Angola interpelou-a diante de um agente da Polícia que, prontamente, se ofereceu a ajudar, por não entender, também, como era possível alguém com bilhete e cumpridas todas as formalidades haveria de ficar em terra.
Mesmo depois de ter passado muito tempo na fila do “check-in” e pronta para o embarque, Carla Cumba quase caía em prantos
Apenas um susto Tratou-se, afinal, de um mal entendido, pois, minutos depois, o polícia que a levou para a sala de embarque regressou com a boa notícia de que dona Carla Cumba embarcaria no enorme “pássaro metálico” Boeing 737, que levantou voo para Cabinda.
Maria Sauente, carregada de euforia, saltava, dizendo estar feliz por voltar a Cabinda. “Eu vim a Luanda em negócios e acabei retida”, contou, para depois sair a passos largos para o embarque. António Maria Luemba tinha o semblante carregado, uma postura que se justifica por não ter conseguido a revalidação do bilhete. “Notei sinais de desorganização, escolha selectiva e cobrança indevida de valores por parte de funcionários da TAAG para privilegiar no ‘check-in’ algumas pessoas em detrimento de outras”.
Disse que está hospedado em casa de um filho e não vê a hora de voltar à sua província. “Sinto vários constrangimentos há seis meses, desde que foi decretado o Estado de Emergência e suspendidos os voos aéreos”, desabafou.
O director de Operações de Terra disse que os cem passageiros que embarcaram ontem no voo inaugural do Boeing 737 passaram por um processo de revalidação dos bilhetes, processo feito a custo zero.