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    Reino Unido. Sete deputados abandonam Partido Trabalhista

    Sete deputados do Partido Trabalhista anunciaram a demissão por causa do que consideram ser a cultura anti-semita institucionalizada pela direção e pelas decisões que põem interesses pessoais e políticos à frente dos interesse do país no que respeita ao Brexit. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, diz estar desapontado pela decisão dos deputados.

    De acordo com a RTP, um por um, cada deputado invocou o seu percurso pessoal ou profissional para explicar o motivo pelo qual – neste momento – não se revê na liderança de Jeremy Corbyn.

    Considerando ser um “momento difícil e doloroso” para todos mas também uma decisão “necessaria”, a deputada Luciana Berger explicou que os deputados que agora vão abandonar o partido liderado por Jeremy Corbyn são foram eleitos por diferentes zonas do Reino Unido e têm experiências pessoais e políticas, mas “valores comuns”.

    Os deputados vão continuar no Parlamento britânico como um novo grupo independente e lançaram um apelo a quem se quiser juntar a eles para mudar a forma de fazer política no Reino Unido.

    Anti-semitismo

    Luciana Berger, eleita por Liverpool Wavertree, admitiu estar “estou embaraçada e envergonhada em permanecer no Partido Trabalhista” se continuasse num partido “institucionalmente anti-semita”.

    Considerando que o partido que há 20 anos propugnava por “oportunidades para todos e anti-racismo para todos” já não existe, a deputada acrescenta que atualmente “estes valores estão sob ataque”.

    “A liderança tem falhado resolver o problema do racismo contra pessoas judias nas suas fileiras”, critica a ex-ministra sombra para a Saúde Mental.

    Justificando que “servir a comunidade é serviço público”, o deputado Gavin Shuker, eleito por Luton South e antigo ministro sombra para o Desenvolvimento Internacional, nota que “o Partido Trabalhista virou as costas ao público britânico. É por isso que demos este passo hoje”.
    Brexit

    O deputado Chris Leslie foi quem abordou a insatisfação para com a abordagem do líder Jeremy Corbyn ao Brexit, ao sustentar que as diferenças entre os deputados que agora saem e os que de mantêm fiéis á liderança “vão muito além do Brexit”.

    “O Partido Trabalhista ao qual nos juntámos, pelo qual fizemos campanha e no qual acreditávamos não é mais o mesmo. Fizémos tudo para salvá-lo, mas agora foi raptado pela máquina da extrema-esquerda”, acusou Chris Leslie, eleito por Nottingham East, perante os jornalistas.

    As “provas da traição trabalhista sobre a Europa estão à vista de todos. Oferecer-se para realmente viabilizar o Brexit deste Governo, constantemente barrando aos eleitores uma palavra final”, acrescenta Chris Leslie.

    Deste modo, o deputado expressa o sentimento crescente de frustração entre os trabalhistas perante a resistência de Jeremy Corbyn em encetar uma campanha que conduzisse a um segundo referendo sobre a adesão do Reino Unido à União Europeia.

    Além de Luciana Berger, Gavin Shuker e Chris Leslie, também Chuka Umunna, Angela Smith, Ann Coffey e Mike Gapes vão passar a ser considerados como deputados independentes.
    Racismo e injustiça

    O deputado Mike Gapes sublinhou a importância de lutar contra o racismo, a injustiça e a intolerância, tendo evocado os seus muitos anos de militância. O antigo presidente da comissão de Negócios Estrangeiros, e eleito por Ilford South, foi veemente nas críticas ao rumo impresso por Jeremy Corbyn. “Estou enojado que o Partido Trabalhista seja agora um partido racista e anti-semita”, afirmou.

    “O partido mudou a todos os níveis. Este não é o Partido Trabalhista ao qual me juntei”, referiu, lamentando que o patido esteja “irreconhecível”.

    “Estou furioso porque a liderança trabalhista está a facilitar o Brexit, que vai causar grandes danos económicos, sociais e políticos ao nosso país”, acrescentou, para logo depois considerar que “Jeremy Corbyn e os que estão à volta dele estão do lado errado em vários assuntos internacionais, desde a Rússia à Síria e à Venezuela.”

    A saída do Partido Trabalhista “é pessoalmente muito difícil para mim, uma vez que tenho muitos amigos lá”, mas “devo ser fiel à minha verdade e valores”, concluiu Mike Gapes.
    Sistema político está ferido

    Os sete deputados, que agora vão formar um novo grupo independente em Westminster, podem avançar para um novo movimento político. A possibilidade foi admitida por Chuka Umunna, eleito por Streatham e antigo secretário sombra da Economia.

    Estrela em ascensão dos trabalhistas, Umunna apresenta-se como “um quarto inglês, um quarto irlandês e meio nigeriano”, explicando que as “decisões são moldadas por quem nós somos e de onde nós viemos”.

    Defendendo uma alternativa à forma atual de fazer política, Umunna afirmou que o abandono do Partido Trabalhista “é um primeiro passo” e apelou a todos os que queiram participar – trabalhistas e de outros partidos – a juntarem-se na “construção de uma nova política”.

    Umunna traçou o perfil das lideranças dos “partidos estabelecidos” como “profundamente divididas”, que falharam “alcançar a unidade necessária” e “colocaram os interesses pessoais e partidários à frente do interesse nacional”.

    Por isso, sustenta que “chegou o tempo de abandonar esta forma antiquada de fazer política, agrupada em tribos, e promover uma visão diferente, envolvendo todos os que queiram participar.

    “Se querem uma alternativa, por favor ajudem-nos a construí-la. A política não tem de ser assim, ajudem-nos a mudar”, apelou, para pouco depois acrescentar: “A política está ferida e não precisa ser assim. Vamos mudá-la”.

    Umunna garantiu que não está prevista uma “fusão” com os liberais democratas e sublinhou que o grupo queria “construir uma nova alternativa”.

    “Não nos juntamos a um partido para lutar contra outras pessoas mas para mudar o mundo”, concluiu.

    Jeremy Corbyn lamenta

    A saída dos sete deputados reduz o grupo parlamentar do Labour na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do parlamento britânico, de 256 para 249.

    Na rede social Twitter, o líder trabalhista diz-se “desapontado” pelos facto de estes deputados “se sentirem incapazes de continuar a trabalhar” para as prossecução das políticas trabalhistas.

    Uma fonte trabalhista admite que se siga uma segunda vaga de demissões, em contestação à política decidida por Corbyn para com o Brexit.

    Corbyn mantém a ameaça de um segundo referendo “sobre a mesa” caso o Governo de Theresa May não consiga um acordo com Bruxelas que possa ser aprovado em Westminster.

    Corbyun prefere a convocatória de eleições, mas na semana passada escreveu à primeira-ministra a solicitar mudanças nas “linhas vermelhas” e que aceite uma união alfandegária permanente com a União Europeia, o que foi rejeitado por Theresa May.

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