O escritor Mia Couto foi distinguido com o Prémio Eduardo Lourenço, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos. O galardão é dado todos os anos a personalidades ou instituições cuja intervenção no âmbito da cooperação e da cultura ibérica seja relevante.
Esta foi a primeira vez que o prémio saiu da Ibéria “indo até ao Índico”, já que o escritor é moçambicano. Quem o disse foi João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra, membro do júri que elegeu Mia Couto.
O escritor e também biólogo moçambicano foi distinguido graças à sua obra que o torna numa “referência cultural do espaço lusófono, num interlocutor privilegiado e potenciador do diálogo plural e aberto que importa aprofundar com o mundo ibero-americano”, refere o comunicado do CEI.
As obras de Mia Couto encontram-se publicadas em cerca de 22 países, dos quais oito são países de língua portuguesa e latino-americanos (Portugal, Brasil. Angola, Moçambique, Espanha, Argentina, Chile e México).
Desta forma, Mia Couto torna-se o “principal mensageiro africano da lusofonia nos espaços de expressão ibérica, funcionando a sua obra literária como importante estímulo ao diálogo, uma ponte aberta à cooperação cultural entre África, Europa e América Latina”, continua o comunicado.
O Prémio Eduardo Lourenço é uma homenagem ao mentor e diretor honorífico do CEI, o ensaísta Eduardo Lourenço. Atribuído há cinco anos, já nomeou a Pianista Maria João Pires, o Poeta espanhol Ángel Campos Pám e Maria Helena da Rocha Pereira, Catedrática jubilada da Universidade de Coimbra na área da Cultura Greco-Latina, entre outros.
O Prémio será formalmente entregue a Mia Couto no dia 26 de novembro, na Guarda, por ocasião das comemorações do 11º aniversário do CEI, informa a Lusa.
Mia Couto é especialmente conhecido pelos seus contos, mas é também autor de romances, crónicas e algumas obras poéticas.
Além do reitor da Universidade de Coimbra, o júri que hoje decidiu a atribuição do Prémio Eduardo Lourenço 2011 era formado pela vice-reitora da Universidade de Salamanca (Espanha), Noémi Dominguez, pelo presidente da Câmara da Guarda, Joaquim Valente, por José Joaquim Gomes Canotilho e Maria de Sousa (Universidade de Coimbra), Antonio Colinas e Juan Carlos Mestre (Universidade de Salamanca), entre outros.
Breve biografia do laureado
Emílio Couto, mais conhecido por Mia Couto, por gostar de brincar muito com o gato em casa quando era criança, nasceu em 1955 na cidade portuária da Beira(uma espécie de Lobito do Índico), em Moçambique. O pai, Fernando Couto, era jornalista e escritor. Daí ter herdadoa veia jornalística e depois literária. Jornalista por vocação é biólogo de profissão. Foi director da revista “Tempo” e da Agencia Moçambicana de Informaçãom (AIM), nos finais dos anos 70 e princípios de 80. Publicou entre outros títulos: “Vozes anoitecidas” (poesia, 1978), seu título de estreia. Depois seguir-se-iam títulos de ficção narrativa, entre os quais “O último voo do flamingo”, lançado também em Luanda, “Crónicas abensonhadas”, entre outroslivros de prosa. Sofreu a influencia literária de Luandino Vieira, no resgate da linguagem coloquaial de gente humilde dos musseques de Maputo, personagens de carne e osso dos seus escritos, cuja bibliografia já vai vasta e merecedora de vários prémios. Está traduzido nas mais diversas línguas do mundo, nomeadamente inglês, francês, espanhol e sueco . É uma referencia obrigatória na literatura moçambicana, ao lado de José Craverinha, Rui Knopfli, Orlando Mendes, Luis Bernardo Honwana e Noémia de Sousa, salvaguardas as devidas proporções.
NC
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Jornal de Angola