Os portugueses voltaram a encher a Avenida da Liberdade para celebrar o 25 de Abril. Entre eles esteve Manuel Alegre. Para Vasco Lourenço a verdadeira comemoração foi feita nas ruas.
A chuva não impediu que os portugueses enchessem nesta quarta-feira a lisboeta Avenida da Liberdade, numa marcha comemorativa do 25 de Abril, em que os cartazes contra a extinção de freguesias se destacavam.
Entre os presentes esteve o socialista e ex-candidato a presidente da República Manuel Alegre, que se recusou a participar na cerimónia comemorativa do 25 da Abril na Assembleia da República em solidariedade com a Associação 25 de Abril. A associação anunciou há dias que não marcaria presença na sessão oficial no Parlamento em protesto contra as políticas do Governo.
Alegre recusou-se a voltar a falar sobre a polémica da sua ausência, da Associação 25 de Abril e de Mário Soares nas comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República.
Mas sobre os discursos no Parlamento, o socialista diz que os ouviu, mas só gostou do de Carlos Zorrinho, líder da bancada parlamentar socialista, sobretudo por realçar que com actuais políticas do Governo “está a ser feita a maior inversão de sempre no Estado Social”.
Zorrinho afirmou na sua intervenção que o PS fará uma “ruptura democrática com quem baixar os braços”. Alegre diz que foi “uma afirmação política”. “Não é uma declaração de guerra. Não estamos em estado de guerra estamos em democracia”, acrescentou. “O PS afirmou a sua independência, a sua natureza e a sua ideologia”, salientou Manuel Alegre.
Pouco antes de discursar na praça do Rossio, Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, disse ao PÚBLICO que a “comemoração verdadeira” do 25 de Abril foi a que decorreu nas ruas. “A comemoração verdadeira está aqui”, afirmou, acrescentando que as comemorações da Assembleia da República e as das ruas deviam “complementar-se”.
Como é tradição, na lapela e na mão da maioria das pessoas que desceram a avenida da Liberdade entre o Marquês de Pombal e o Rossio imperava o cravo vermelho, e na boca as palavras de ordem pelos ideais de Abril. Mas também contra as políticas do Governo.
Muitos grupos de imigrantes marcaram presença e pediam “residência e documentos para todos”. “Imigrantes pagaram 316 milhões de euros para a segurança social”, podia ler-se num dos cartazes.
A Juventude Socialista surgia logo no início da marcha com uma tarja escrita em grego onde se podia ler “somos todos gregos”.
A vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Helena Roseta juntou-se aos trabalhadores do município e não quis comentar os discursos da manhã na Assembleia da República, alegando que não os ouviu.
Já sobre ausência de Mário Soares e Manuel Alegre da sessão comemorativa do 25 de Abril Roseta afirmou: “Estou solidária com os militares da Associação 25 de Abril. Soares e Alegre foram convidados e têm o direito de aceitar ou não o convite. A minha comemoração é aqui.”
Fonte: Público