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    Paramilitares pró-Ortega agridem bispos em basílica da Nicarágua

    Centenas de seguidores do presidente Daniel Ortega e paramilitares sitiaram e agrediram nesta segunda-feira (9) líderes católicos na cidade de Diriamba, no sudoeste da Nicarágua, em um recrudescimento da violência que já deixou 250 mortos em quase três meses de protestos contra o governo.

    Os seguidores do governo invadiram com violência a Basílica de San Sebastián, em Diriamba, onde eclesiásticos tinham chegado para apoiar um grupo de manifestantes, que se entrincheiravam ali no domingo para se proteger do assédio às forças governistas.

    “Não queremos mais bloqueios de vias”, “assassinos”, “mentirosos”, repetiam os partidários do governo em agressões dirigidas à comitiva de religiosos, liderada pelo cardeal Leopoldo Brenes e pelo núncio Stanislaw Waldemar Sommertag, em sua chegada a Diriamba, constatou uma equipe da AFP.

    O núncio, o cardeal e os bispos chegaram em caravana, procedentes de Manágua, para ajudar a libertar as pessoas retidas dentro da basílica, entre eles médicos voluntários que ficaram presos desde o domingo dentro da igreja após a violenta incursão.

    Os religiosos foram cercados por partidários do governo, ao chegar ao templo, enquanto nos arredores havia dezenas de paramilitares.

    “Não temos nenhuma arma, a arma aqui é a oração, eles estavam atacando do lado de fora”, disse à AFP um membro do corpo médico que estava dentro da basílica, com o rosto coberto por uma camisa.

    Quando os sacerdotes conseguiram abrir caminho em meio à multidão para entrar na igreja, foram agredidos fisicamente pelos paramilitares e pela multidão sandinista.

    Entre as vítimas da agressão está o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, assim como jornalistas nacionais e estrangeiros, que cobriam os olhos.

    Báez disse que “o que nosso povo está sofrendo” e que é muito “mais grave” do que aconteceu com ele e reiterou que o apelo da Igreja é por “um cessar da violência”.

    “Tinham uma multidão preparada para que nos agredissem”, protestou o padre Edwin Román, que ficou ferido em um braço.

    Após os distúrbios, Báez informou que as pessoas que estavam na Basílica foram “liberadas”.

    Um dos integrantes da comitiva informou por telefone à AFP que o grupo já retornou a Manágua e denunciou o incidente a grupos de defesa dos direitos humanos.

    – “Não respeitam nem os bispos” –

    “Sentimos esta ação dura, forte, brutal contra nossos sacerdotes. Jamais tínhamos visto na Nicarágua situações assim, verdadeiramente tristes”, declarou Báez.

    “É doloroso como não se respeitam os direitos humanos dos nicaraguenses por parte” dos grupos armados, “é uma falta de respeito para nossos bispos”, disse à AFP Alvaro Leiva, secretário da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH).

    Os bispos fizeram a visita depois que pelo menos 14 pessoas morreram no domingo em um ataque violento de tropas paramilitares e antimotins nas cidades de Diriamba e Jinotepe, no departamento (estado) de Carazo (sudoeste).

    Partidários de Ortega também invadiram uma igreja de Jinotepe, onde causaram danos e insultaram padres.

    O chanceler nicaraguense, Denis Moncada, acusou a oposição de cometer “atos de terrorismo”, e garantiu que o governo cumprirá seu dever de restaurar a paz.

    “O Estado da Nicarágua (..) fara uso de seu dever constitucional, de sua obrigação institucional para manter a ordem, a segurança e a paz”, declarou Moncada, que qualificou as manifestações opositoras de “atos de terrorismo que se cometem contra os nicaraguenses”, como “sequestros, extorsões e assassinatos”.

    Os confrontos da polícia de choque e dos paramilitares com os manifestantes opositores se acirraram depois que Ortega descartou, no sábado, antecipar as eleições.

    A Igreja católica, que media o governo e a Aliança Cívica, propôs antecipar as eleições de 2021 para março de 2019 a fim de sair da turbulência que envolve o país desde que os protestos começaram, em 18 de abril.

    Mas a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) advertiu que avalia “seriamente a continuidade do diálogo”, que foi suspenso em três ocasiões desde que começou em meados de maio. (AFP)

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